"A necessidade de financiamento da economia situou-se em 0,6% do PIB [no quarto trimestre de 2022], o que representou uma melhoria do défice em 0,3 pontos percentuais do PIB relativamente ao trimestre anterior. Contudo, em 2021, a economia portuguesa tinha apresentado um saldo externo positivo correspondente a 0,9% do PIB", refere o INE nas "Contas Nacionais Trimestrais Por Setor Institucional".
De acordo com o instituto estatístico, a redução do saldo externo da economia em 2022 face a 2021 "refletiu principalmente a redução da capacidade de financiamento das famílias", que passou de 3,4% do PIB em 2021 para 0,5% no ano seguinte.
Segundo refere, a capacidade de financiamento das famílias "reduziu-se progressivamente desde o segundo trimestre de 2021 até ao terceiro trimestre de 2022, quando atingiu 0,2% do PIB, tendo aumentado para 0,5% do PIB no quarto trimestre de 2022 (3,4% no trimestre homólogo).
Quanto à redução do défice da economia relativamente ao trimestre anterior, "refletiu principalmente a melhoria do saldo das sociedades não financeiras, cuja necessidade de financiamento foi 2,1% do PIB no quarto trimestre de 2022, menos 1,4 pontos percentuais que no trimestre anterior".
Contudo, comparativamente com 2021, este saldo agravou-se ligeiramente (-1,8% do PIB), como resultado do aumento das remunerações e da formação bruta de capital (12,4% e 13,5%, respetivamente), que mais que compensaram o aumento de 15,3% do Valor Acrescentado Bruto (VAB)
Já a capacidade de financiamento das sociedades financeiras diminuiu para 1,4% do PIB no quarto trimestre de 2022 (1,5% no trimestre anterior e 2,3% em 2021).
Por sua vez, o setor das Administrações Públicas (AP) registou um défice de 0,4% do PIB em 2022 (em 2021 o saldo tinha sido de -2,9%), correspondente a uma necessidade líquida de financiamento de 944 milhões de euros.
Segundo o INE, esta necessidade de financiamento teve origem principalmente no subsetor da Administração Central e, com menor significado, na Administração Regional e Local, uma vez que o subsetor dos Fundos de Segurança Social apresentou um saldo positivo.
No ano passado, a receita das AP totalizou 106.139 milhões de euros, correspondente a 44,4% do PIB, enquanto a despesa das AP atingiu 107.084 milhões de euros (44,8% do PIB).
Comparando com 2021, o saldo da Administração Central melhorou em 2.900 milhões de euros, situando-se em -5,2 mil milhões de euros em 2022. Também o défice da Administração Regional e Local diminuiu, para 58 milhões de euros em 2022.
Já o saldo dos Fundos de Segurança Social manteve-se positivo, tendo melhorado em 1.800 milhões de euros face ao ano anterior.
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