O estudo, preparado conjuntamente pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pelo escritório da UE no Brasil, foi apresentado na reunião que a vice-presidente executiva da Comissão Europeia (CE), Margrethe Vestager, realizou hoje em Brasília com o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin.

Esta reunião bilateral foi a primeira entre o bloco europeu e o Brasil desde 2014.

A guerra na Ucrânia, que afastou o investimento direto estrangeiro europeu para a Rússia, e as possibilidades abertas pelo acordo de comércio livre entre o Mercosul e a União Europeia farão do Brasil o destino preferido entre os países emergentes, de acordo com o Mapa de Investimento Bilateral Brasil-União Europeia.

Segundo o documento, a Rússia, com 279,2 mil milhões de euros de investimento europeu em projetos produtivos, continua a ser o principal destino do investimento da UE entre os países emergentes, mas o Brasil, com 245,97 mil milhões de euros, ameaça-o em segundo lugar.

O Brasil representa atualmente 41,5% de todo o investimento direto estrangeiro europeu na América Latina, mas apenas 3,1% desse investimento a nível mundial.

"A tendência é para o Brasil assumir a liderança como resultado do conflito na Europa Oriental", diz o estudo.

A futura entrada em vigor do acordo de comércio livre entre o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e a União Europeia é também citada como um instrumento para o Brasil ultrapassar a Rússia.

"Este acordo proporcionar-nos-á uma estrutura para uma ação conjunta em relação aos desafios enfrentados por ambas as regiões: tornar as nossas cadeias de valor mais ecológicas, combater as alterações climáticas, reforçar a cooperação científica e educacional e promover o desenvolvimento digital", afirma o estudo.

À margem do lançamento institucional do Mapa Bilateral de Investimentos Brasil-União Europeia a vice-presidente-executiva da Comissão Europeia afirmou e que "é a altura" de a União Europeia e Mercosul concluírem o acordo comercial, visto que o Brasil, a maior economia sul-americana, "está de volta" com o regresso de Lula da Silva.

"Esta é a altura para fazer as coisas porque percebemos claramente que o Brasil está de volta", afirmou Margrethe Vestager, em Brasília.

O relatório indica também que a União Europeia, no seu conjunto, é a principal fonte de investimento direto estrangeiro no Brasil, com cerca de 49,5% de tudo o que os estrangeiros têm aplicado em projetos produtivos no país.

Só entre 2016 e 2020, as empresas europeias fizeram 385 anúncios de investimento no Brasil, no valor de 18,7 mil milhões de euros.

O Mapa Bilateral, que identifica as oportunidades de negócio mais promissoras entre a Europa e o Brasil, destaca o crescente interesse do capital europeu pelo potencial do Brasil na geração de energia renovável, principalmente na energia eólica e no hidrogénio verde.

Dos 133 projetos de infraestruturas no Brasil com capital europeu entre 2000 e 2020, 50 eram parques eólicos e 24 centrais solares.

"O Brasil, um dos maiores proprietários mundiais de recursos naturais, é um dos principais atores nas negociações ambientais internacionais, e esta agenda tem um impacto direto não só na gestão ambiental mas também na economia e no desenvolvimento", diz o estudo.

O relatório salienta a necessidade de a União Europeia procurar fontes de energia alternativas não só devido à crise de abastecimento causada pela guerra na Ucrânia, mas também devido ao seu compromisso de reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 55% até 2030.

Tal objetivo, de acordo com o documento, obriga o bloco a investir cerca de 350 mil milhões de euros por ano até 2030.

Segundo o estudo, o Brasil é também a principal fonte de investimento direto estrangeiro dos países latino-americanos na Europa, com 70,33 mil milhões de euros acumulados, o equivalente a 50% de todos os investimentos dos latino-americanos no "velho continente".

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