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Banco Mundial suspende parceria com Tunísia após ataques contra migrantes

O Banco Mundial (BM) vai suspender "até novo aviso" a sua parceria com a Tunísia, na sequência dos ataques ocorridos neste país e depois do Presidente tunisino, Kais Saied, ter defendido a repressão de migrantes da África subsaariana.

Banco Mundial suspende parceria com Tunísia após ataques contra migrantes
Notícias ao Minuto

23:54 - 06/03/23 por Lusa

Economia Banco Mundial

De acordo com uma carta enviada às suas equipas pelo presidente do BM, David Malpass, consultada esta segunda-feira pela agência France-Presse (AFP), a instituição não está em condições de continuar as suas missões na Tunísia "perante a situação".

"As autoridades de segurança e inclusão de migrantes e minorias fazem parte dos valores centrais de inclusão, respeito e antirracismo" do BM, pode ler-se na missiva.

A decisão diz respeito ao Quadro de Parceria (CPF), que serve de base ao acompanhamento do Conselho de Administração (CA) do BM para avaliar e apoiar o país nos seus programas de ajuda.

Em concreto, a instituição deixa de poder lançar um novo programa de apoio com o país até que o conselho se reúna, tendo sido decidido adiar esta reunião sobre a Tunísia "até novo aviso", segundo a carta de Malpass.

"Os projetos financiados permanecem financiados e os projetos em andamento permanecem em andamento", referiu à AFP fonte próxima do BM.

A ONU mostrou-se hoje preocupada com a campanha contra os migrantes subsaarianos em curso na Tunísia e condenou as recentes palavras do presidente do país, que agravaram esta crise, considerando-as racistas e xenófobas.

"Condenamos sem reservas todas as declarações xenófobas, racistas e que procuram aumentar o ódio racial", destacou o porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, durante a conferência de imprensa diária.

O organismo liderado por António Guterres reagiu, desta forma, à campanha de detenções e perseguições policiais contra a população migrante na Tunísia, que também está a sofrer ataques e expulsões das suas casas por parte da população local.

Esta situação levou nos últimos dias muitos imigrantes a procurarem regressar aos seus países, com governos africanos a retirarem centenas de cidadãos da Tunísia nos últimos dias.

Migrantes, estudantes estrangeiros e outros relataram abusos racistas nas ruas e 'online'.

A crise aumentou desde que o presidente da Tunísia descreveu, no final de fevereiro, os subsaarianos como uma ameaça demográfica à identidade "árabe-muçulmana" e anunciou medidas "urgentes" para lidar com a migração irregular.

A União Africana também já condenou as "declarações chocantes" das autoridades tunisinas que definiu como "discurso de ódio racializado".

A porta-voz da Comissão Europeia, Nabila Massrali, assegurou hoje que a União Europeia (UE) está "a acompanhar de perto os desenvolvimentos", destacando "as preocupações" em torno da Tunísia.

"Esperamos que todos os nossos parceiros tratem os migrantes com dignidade. Não queremos ouvir discursos de ódio e racistas", salientou.

Após as preocupações demonstradas pelos aliados ocidentais e africanos da Tunísia nas últimas semanas, o governo tunisiano anunciou, no domingo, uma série de novas medidas, embora limitadas.

Entre estas estão uma linha direta para os migrantes denunciarem qualquer violação dos seus direitos, assistência médica e psicológica para todos os migrantes e novos cartões de residência para estudantes de outros países africanos "para facilitar a sua permanência em solo tunisiano".

De acordo com o Fórum Tunisiano para os Direitos Económicos e Sociais, estima-se que cerca de 21.000 imigrantes subsaarianos vivam na Tunísia, muitos sem estatuto de residência, e acredita-se que muitos estejam a fugir para a Europa.

Leia Também: Centenas protestam na Tunísia contra racismo que visa subsarianos

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