Mais de 1/3 das empresas do setor público em "falência técnica" em 2021

Trinta e duas empresas do Setor Empresarial do Estado (SEE) continuavam em "falência técnica" no final de 2021, menos uma do quem 2020, apesar da recuperação registada na maioria dos indicadores económico-financeiros face a 2020, aponta o CFP.

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Lusa
16/02/2023 12:17 ‧ 16/02/2023 por Lusa

Economia

CFP

 

Segundo o relatório sobre o 'Setor Empresarial do Estado 2020-2021', publicado hoje pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP), após a "deterioração dos resultados deste setor em consequência da eclosão da crise pandémica", em 2020, o ano 2021 fica "marcado por uma recuperação da generalidade dos indicadores económicos e financeiros, refletido nas contas individuais (ou nas contas consolidadas) das 87 empresas (ou grupo de empresas) não financeiras do SEE".

Contudo, e "não obstante esta recuperação, mais de um terço destas empresas (32) continuavam a apresentar capitais próprios negativos em 2021, registando uma situação de falência técnica".

"Os resultados económicos das empresas não financeiras do SEE continuam a evidenciar um significativo desequilíbrio económico apresentando um EBITDA negativo em 1.000 milhões de euros e um resultado líquido negativo de 3.100 milhões de euros em 2021", avança a entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral.

"Face a 2020, este desempenho refletiu uma melhoria daqueles indicadores respetivamente em 290 milhões de euros e 708 milhões de euros, insuficiente, contudo, para corrigir o desequilíbrio económico do setor", acrescenta.

A soma do resultado líquido das empresas TAP SA e TAP SGPS em 2021 foi negativo em quase 2.100 milhões de euros, enquanto o agregado das restantes empresas não financeiras do SEE atingiu aproximadamente -- 1.100 milhões de euros.

Se, relativamente a 2020, as empresas do universo TAP reduziram os prejuízos em quase 790 milhões de euros, os das restantes empresas não financeiras aumentaram em 82 milhões de euros.

No total, apenas 27 das 87 empresas (ou grupos de empresas) tiveram resultados líquidos positivos em 2021, num total de 207 milhões de euros (número igual de empresas em 2020). As restantes 60 registaram prejuízos de 3.412 milhões de euros (dos quais 2.081 milhões de euros decorrentes das empresas do universo TAP).

A seguir ao setor dos transportes e armazenagem, cujas empresas registaram 1.700 milhões de prejuízos, o da saúde foi o segundo que acumulou mais prejuízos em 2021, num total de 1.100 milhões de euros, representando estes dois setores 90% do resultado líquido negativo do SEE daquele ano.

De acordo com o CFP, os resultados económicos negativos destas empresas "traduzem-se necessariamente na necessidade de reforços de capital por parte do acionista público para evitar a deterioração da sua situação financeira e patrimonial", sendo que a melhoria registada a este nível face a 2020 reflete, precisamente, "o esforço do acionista".

"Para evitar a deterioração da situação financeira e patrimonial das 87 entidades não financeiras do SEE que decorreria dos resultados líquidos negativos, o acionista público efetuou um reforço de capital de 4.000 milhões de euros, através do aumento do capital subscrito (2.800 milhões de euros) e da conversão de empréstimos em capital social, este último na TAP SA", destaca.

Como resultado, o capital próprio destas empresas elevou-se para 5.800 milhões de euros em 2021 (+4.000 milhões de euros do que em 2020), enquanto o passivo se reduziu em 3.400 milhões de euros, para 54.900 milhões de euros, e o ativo aumentou em 500 milhões de euros, perfazendo 60.700 milhões de euros.

Face a 2020, assistiu-se a uma evolução positiva dos indicadores de autonomia financeira para 9,6% (+6,5 pontos percentuais) e da solvabilidade para 10,6% (+7,4 pontos percentuais), que reforçaram a capacidade de endividamento (+13,6 pontos percentuais) e a capacidade para satisfazerem os seus compromissos.

Em termos operacionais, o volume de negócios agregado das empresas não financeiras do SEE ascendeu a 10.100 milhões de euros em 2021, superior aos 9.200 milhões de euros apurados em 2020, mas ainda aquém dos 12.200 milhões de euros alcançados em 2019 (ano pré-pandemia).

Leia Também: Financiamento do BEI em Portugal ascendeu a 1,7 mil milhões em 2022

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