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Função pública britânica desmoralizada com salários e instabilidade

O centro de estudos Institute for Government defendeu hoje que manter o moral da função pública britânica será um dos desafios do Governo devido à perda de poder de compra após uma fase de grande instabilidade política.

Função pública britânica desmoralizada com salários e instabilidade
Notícias ao Minuto

16:52 - 31/01/23 por Lusa

Economia Estudo

Na 10.ª edição do "Whitehall Monitor", um relatório anual que avalia o desempenho da função pública britânica, o centro de estudos nota o impacto da agitação política do ano passado na função pública e no funcionamento do Executivo.

Em 2022, o Reino Unido teve três primeiros-ministros, quatro ministros das Finanças e um número recorde de demissões dentro do Governo. 

Ao todo, foram registadas 37 demissões de ministros, sem contar com remodelações governamentais, e 66 nomeações em 2023, mais do dobro do normal desde pelo menos os anos 1990, contabilizou o co-autor Rhys Clyne num evento de lançamento do documento, hoje em Londres.

Isto "levou a perturbações, incertezas, atrasos e reviravoltas" na ação do Executivo e também no estado do espírito dos funcionários públicos, vincou. 

"Sabemos que o moral está a piorar há já dois anos, contrariando uma tendência positiva a longo prazo, e um fator que contribui para isso, como seria de esperar, é a insatisfação com o salário", indicou Clyne. 

Além da perda de compra devido à inflação superior a 10% no ano passado, os salários da função pública sofreram cortes reais de 12% nos escalões mais baixos e de 23% nos escalões superiores desde 2010.

"Isto torna agora mais difícil a contenção salarial, como se percebe pela greve planeada para amanhã [quarta-feira]", disse Clyne.

Cerca de 100.000 funcionários públicos dos Ministérios da Saúde, Ambiente e Economia deverão aderir a uma greve para reivindicar melhores salários, pensões e termos de despedimento, segundo o Sindicato dos Serviços Públicos e Comerciais (PCS).

A greve também vai mobilizar professores, trabalhadores dos transportes e guardas de fronteiras, estando previstos novas paralisações de enfermeiros, médicos, tripulantes de ambulâncias e bombeiros nas próximas semanas.

O Governo evitou até agora comprometer-se com aumentos salariais na função pública, defendendo uma contenção para fazer descer a inflação, apesar das greves de trabalhadores dos transportes, saúde e educação. 

O resultado, explicou Clyne, é um nível salarial bastante abaixo do setor privado, o que leva a um grande movimento de rotação laboral na função pública. 

A antiga secretária geral do Ministério da Saúde Una O'Brien confirmou, no mesmo evento, que "a moral sofreu um grande golpe", recordando o despedimento do secretário geral do Ministério das Finanças Tom Scholar no ano passado.  

Aquele responsável foi afastado subitamente pelo então ministro das Finanças Kwasi Kwarteng no âmbito da nova política de combate à ortodoxia declarada pela primeira-ministra Liz Truss. 

O editor de política do jornal The Times Chris Smyth concordou que a instabilidade política "teve um enorme impacto" nos funcionários públicos, sobretudo nos ministérios concentrados em Westminster, em Londres, numa série de edifícios conhecida por Whitehall. 

"Se o trabalho deles é fazer políticas e implementá-las, e se essas políticas continuam a mudar de poucos em poucos meses e a avançar em direções diferentes, ou se o Governo está demasiado ocupado a lutar entre si para tomar decisões importantes, isso pode ser bastante desmoralizador", afirmou.

Leia Também: Reino Unido. ONU acusa com sinais de racismo institucional e sistémico

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