Bankinter não marca como problemáticos clientes que renegoceiem créditos

O espanhol Bankinter disse hoje que não sinaliza como problemáticos clientes que renegoceiam créditos por subida das taxas de juro, ainda que exijam vigilância, e afastou compras de bancos em Portugal.

Bankinter afasta interesse na aquisição de outras instituições por cá

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Lusa
19/01/2023 13:07 ‧ 19/01/2023 por Lusa

Economia

Bankinter

O grupo bancário espanhol Bankinter apresentou hoje lucros de 560,2 milhões de euros em 2022, mais 28,1% do que em 2021. Em Portugal, o banco teve resultados antes de contabilizados os impostos (não líquidos) de 78 milhões de euros no passado, mais 54% do que em 2021.

Em conferência de imprensa, questionados sobre o incumprimento de crédito em Portugal, desde logo tendo em conta a subida das taxas de juro e o peso que isso significa para famílias com empréstimos (sobretudo para habitação), o administrador financeiro do Bankinter, Jacobo Diaz, disse que admitem que venha a haver alguma subida, mas "tremendamente moderada".

Também sobre o crédito malparado, a presidente executiva do Bankinter, María Dolores Dancausa, disse que o banco "está alerta mas tranquilo" e considerou que está mais protegido do que outros pela política cautelosa em termos de risco.

O administrador financeiro afirmou ainda que renegociações feitas ao abrigo do novo regime legal (que visa mitigar o impacto do aumento das taxas de juro em contratos de crédito à habitação própria permanente com valor em dívida até 300 mil euros) serão marcadas como "renegociação regular", ou seja, o banco não 'marca' esses clientes como problemáticos, ainda que precisem de "vigilância especial" internamente.

Sobre os pedidos de clientes para renegociarem créditos ao abrigo desse regime, afirmou que "de momento não há pedidos relevantes".

"Não sabemos se chegarão mais de futuro, se sim trataremos com diligência", afirmou.

Esta terça-feira, o Banco de Portugal disse que os contratos de créditos à habitação renegociados no âmbito do novo Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI) são considerados "renegociação regular", sem "qualquer marcação específica" na Central de Responsabilidades de Crédito (a lista sobre clientes bancários incumpridores a que todos os bancos acedem).

Ou seja, os contratos renegociados no âmbito deste novo regime não se distinguem "dos contratos de crédito renegociados por motivos não relacionados com dificuldades financeiras, por exemplo, melhorias contratuais devidas a um maior poder negocial do cliente".

A semana passada, a associação de defesa do consumidor Deco disse que há bancos a desincentivar os clientes de usaram o regime transitório que lhes permite renegociar o empréstimo, com o argumento de que ficarão com o crédito 'marcado'.

Apesar de os bancos não poderem sinalizar estes clientes como incumpridores na Central de Responsabilidades de Crédito, várias fontes do setor indicaram à Lusa que estes clientes ficam referenciados nos sistemas internos de cada banco, o que pode dificultar o acesso a produtos de crédito desse banco no futuro.

O regime de renegociação dos créditos à habitação num contexto de altas taxas de juro contempla várias soluções. Este regime transitório prevê também a suspensão da cobrança de comissões aos clientes que pretendam amortizar total ou parcialmente o empréstimo da casa (desde que a taxa seja variável).

Sobre o crescimento do Bankinter em Portugal, María Dolores Dancausa afirmou que o banco continua a ter como objetivo crescer de forma orgânica e que não tem qualquer interesse em comprar outros bancos em Portugal.

"Estamos a consolidar a operação e temos capacidade de crescer cliente a cliente", afirmou.

O Bankinter Portugal tinha 780 trabalhadores e 81 agências no final de 2022.

O ano passado, em Portugal, o crédito cresceu 15% para 8.000 milhões de euros e os recursos de clientes (em que se incluem os depósitos) subiram 9% para 6.400 milhões de euros, segundo um comunicado do banco.

Leia Também: Crédito à habitação. Taxa de juro sobe para valor mais elevado desde 2012

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