"Os bancos têm de se preparar para possíveis impactos adversos do ambiente incerto nos seus negócios", disse Andrea Enria, numa audiência na comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu.
Alertando que a zona euro enfrenta um período de "baixo crescimento e possível recessão", dado o contexto macroeconómico acentuado pela crise energética, o supervisor da zona euro admitiu ser provável que "a qualidade dos ativos se deteriore nos próximos meses", nos bancos da moeda única, razão pela qual irá "acompanhar de perto" o planeamento do capital.
De acordo com Andrea Enria, exemplo disso é o aumento já visível no aumento do crédito malparado, nomeadamente nos segmentos de crédito ao consumo.
"Embora as elevadas taxas de juro e margens estejam a aumentar a rentabilidade dos bancos, também afetam a capacidade dos consumidores altamente alavancados para pagar as suas dívidas ou cumprir as margens de garantia e podem levar a ajustamentos bruscos nos mercados financeiros voláteis", alertou.
Andrea Enria exortou as instituições bancárias da zona euro a "assegurar um nível adequado de conservadorismo", dado que alguns bancos estão a utilizar "pressupostos económicos relativamente favoráveis nos seus cenários adversos", o que se traduz num "impacto moderado nos seus rácios de capital".
Anterior líder da Autoridade Bancária Europeia, Andrea Enria assume desde 2019 o cargo de presidente do Conselho de Supervisão do BCE.
A supervisão bancária europeia é um dos dois pilares da união bancária na União Europeia.
O Mecanismo Único de Supervisão é o sistema de supervisão bancária europeu, juntando o BCE e as autoridades de supervisão nacionais dos países.
Leia Também: "Grande incerteza". Lagarde admite que inflação ainda não esteja no pico