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Embaixador relata missão de representar Portugal sob resgate em Berlim

Numa obra que serve de ode à diplomacia portuguesa, o embaixador de Portugal em Berlim entre 2012 e 2015 classifica como "exigente", mas "vital", a missão de representar na Alemanha um país que tinha "batido no fundo".

Embaixador relata missão de representar Portugal sob resgate em Berlim
Notícias ao Minuto

07:55 - 04/10/22 por Lusa

Economia Luís de Almeida Sampaio

"Ser embaixador de Portugal na Alemanha em tempo de troika não era certamente a missão mais invejada entre os diplomatas", confessa Luís de Almeida Sampaio no livro de "Diplomacia em Tempo de Troika" (Ed. Dom Quixote), que será apresentado hoje em Lisboa por José Manuel Durão Barroso.

"Portugal tinha, mais uma vez, batido no fundo do ponto de vista económico e financeiro e os alemães eram os credores do pacote de resgate que fomos recebendo acoplado a um espartano programa de ajustamento", recorda, adiantando que por essa razão a missão que iniciou em Berlim no final de março de 2012 e que durou até 2015 era "vital".

O embaixador sublinha que quer contribuir para a história de um dos períodos "mais difíceis e exigentes" da diplomacia portuguesa, mas logo no primeiro capítulo realça os objetivos que a missão se propunha cumprir.

"Se vencêssemos o desafio, se cumpríssemos as nossas obrigações, se saíssemos do programa a tempo e horas, que não seria!", declara.

Essas vitórias acabariam por chegar, mas é o turbulento período entre o início da missão e esses marcos de sucesso que forma a parte central do relato vívido e detalhado escrito por Almeida Sampaio.

Enquanto um ex-primeiro-ministro irá apresentar hoje o livro, o prefácio ficou a cargo de outro, Pedro Passos Coelho, que esteve no cargo durante o período que o livro cobre.

Depois de esclarecer que aceitou a tarefa de escrever o prefácio "sem qualquer tipo de hesitação", o ex-líder do PSD descreve como os vários programas de estabilidade (os chamados PEC) apresentados pelo segundo governo de José Sócrates continham erros, atrasos e insuficiências, conduziram finalmente à necessidade de Portugal pedir, em 2011, o resgate financeiro.

Passos Coelho escreve que o 'chumbo' pelo PSD do PEC4 provocou o "desagrado" da então chanceler alemã Angela Merkel e dedica igual espaço às difíceis negociações, em 2013, para a extensão dos prazos da dívida que Portugal contraíra junto dos parceiros.

O antigo primeiro-ministro oferece menos detalhe, no entanto, sobre a crise política provocada pela demissão do ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas em julho de 2013, explicando apenas que nessa altura pediu apoio parlamentar ao PS de José António Seguro, mas sem sucesso.

Dividido em três partes, o livro de Almeida Sampaio arranca com a mais colorida em termos de drama e enredo - "Salvar Portugal".

Além de Passos Coelho, estão entre os protagonistas políticos nacionais que o embaixador recebeu em Berlim, desde Vítor Gaspar e Paulo Portas a Seguro e António Costa, todos com o objetivo de ajudar a consolidar a credibilidade de Portugal, embora com soluções variadas.

Nessa parte inicial Almeida Sampaio relata que 2012, o primeiro ano completo sob o programa de ajustamento, trouxe ganhos de credibilidade e uma maior concertação europeia, especialmente vinda das "palavras mágicas" de Mário Draghi sobre o compromisso do BCE de salvar o euro.

O ano seguinte foi novamente mais conturbado, contudo, pois apesar do regresso gradual ao mercado de dívida a crise política interna e a contestação social às mexidas propostas por Passos Coelho à Taxa Social Única fizeram renascer dúvidas entre os líderes alemães sobre o sucesso do programa.

O último capítulo da primeira parte é intitulado "Vocês perderam a cabeça?", uma referência ao tema de um telefonema que Luís Augusto Sampaio recebeu da chancelaria federal alemã logo após as demissões de Portas e de Gaspar.

A segunda parte do livro intitulada "A Diplomacia Económica" ilustra, com exemplos concretos e incursões literárias e culturais para os contextualizar, essa dimensão crucial da ação externa do Estado, com referência ao papel desta em temas como a Autoeuropa, as privatizações e a preservação do Arsenal do Alfeite.

A última parte - "Vitórias Perdidas" - retoma a sequência essencialmente cronológica desde o verão de 2013 até às eleições legislativas portuguesas de 4 de outubro de 2015.

Luís de Almeida Sampaio nasceu no Porto em 1957, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra em 1982, e no ano seguinte ingressou na carreira diplomática.

Desempenhou várias funções na União Europeia e na NATO, esteve colocado em Luanda, em Argel e em Belgrado e é embaixador em Praga desde 2019.

Leia Também: Anexações são "direito consagrado na Carta da ONU", diz embaixador russo

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