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Gás. Portugal acredita que "será possível convencer a França"

O Governo português ainda acredita que "será possível convencer a França" a permitir interligações desde a Península Ibérica para o fornecimento de gás, e mais tarde hidrogénio, à Europa, mas admite como alternativa uma ligação através de Itália.

Gás. Portugal acredita que "será possível convencer a França"
Notícias ao Minuto

15:46 - 22/09/22 por Lusa

Economia Gás

Em entrevista à Lusa em Bruxelas, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, reiterou que, do ponto de vista de Portugal, "o racional para a realização desta interligação existe e é bastante óbvio, e reforçou-se aliás bastante depois da guerra na Ucrânia", razão pela qual acredita que será possível levantar os obstáculos que têm sido apresentados pela França para a passagem do gasoduto pelos Pirinéus.

"Cremos que há argumentos fortes e estamos em crer que será possível convencer a França que é no interesse de todos, no interesse da Europa, no interesse global europeu, termos os nossos países mais interligados no plano energético, pois só então é que estaremos mais seguros quanto ao abastecimento de energia", disse.

O secretário de Estado sublinhou que, "enquanto não existirem interligações, não haverá uma verdadeira União Europeia da Energia, e isso é necessário se queremos evitar esta situação de dependência ou de vulnerabilidade relativamente a determinados países ou a determinadas zonas do globo".

"A Península Ibérica tem condições ímpares, já, para diversificar o fornecimento de energia, uma vez que tem múltiplos terminais de gás natural liquefeito, e no futuro tem um potencial também ímpar na produção de hidrogénio verde, de hidrogénio limpo, portanto, gases renováveis. Portanto, cremos que, quer no imediato, quer mais no médio e longo prazo, no quadro da transição energética que está em curso, há todo o interesse em haver uma interligação de gás preparada já para o hidrogénio que permita fornecer a Europa a partir de Portugal e a partir de Espanha", declarou.

"Há conversações em curso e estamos em crer que será possível racionalmente demonstrar os argumentos e convencer as autoridades francesas de que este projeto vale a pena. Este projeto já foi discutido no passado, numa cimeira que organizámos em Lisboa em 2018, a cimeira das interligações, onde foi reconhecida a necessidade de avançar nas interligações também de gás", lembrou.

O governante apontou que "depois houve dúvidas suscitadas pelos reguladores -- espanhol e francês -- por questões económicas", mas, argumentou, "essas questões económicas, perante o cenário que hoje vivemos em termos energéticos, estão completamente ultrapassadas".

"Hoje em dia, há, quer por razões geoestratégicas e geopolíticas, quer por razões económicas, atendendo ao preço do gás, todo o interesse em encontrar novas fontes e novas rotas de fornecimento de gás para a Europa. É por isso, aliás, que a Alemanha está tão interessada neste projeto", disse, referindo-se à posição assumida em agosto pelo chanceler Olaf Scholz, que defendeu a construção de um gasoduto pan-europeu que ligue a Península Ibérica à Alemanha.

"Isto faz sentido no plano geoestratégico, no plano económico, e no plano também da transição energética, porque estamos a falar de estruturas preparadas para o hidrogénio verde. E, portanto, cremos que o racional existe e que será possível certamente demonstrá-lo e que as autoridades francesas o possam reconhecer", reforçou.

Apontando que "Portugal está ativamente a participar nas conversações que há em torno deste tema, com Espanha necessariamente e também com Alemanha, que tem manifestado um interesse muito grande na concretização deste projeto, e designadamente nas conversações e na articulação também com França", Tiago Antunes disse esperar que este seja "um tema central" na cimeira dos países do sul da Europa que terá lugar na próxima semana, em 30 de setembro, em Alicante, Espanha, na qual estarão presentes os países diretamente envolvidos.

Contudo, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus admitiu que "há neste momento um outro cenário que está a ser estudado, que é a hipótese de uma ligação direta entre Espanha e a Itália, por via marítima".

"Portanto, se não for possível avançar com o Midcat", disse, referindo-se ao projeto de gasoduto que a França não tem dado mostras de querer concluir, "estamos naturalmente a considerar esse outro cenário e pensamos que poderá ser uma alternativa", assumiu.

"Creio que o posicionamento do chanceler Scholz sobre esta matéria é muito claro e isso naturalmente tem o seu peso e a sua importância. Permite tornar evidente que não é apenas uma questão ibérica, é verdadeiramente uma questão europeia e do interesse europeu a concretização destas interligações", concluiu o secretário de Estado.

Além de fazer parte da agenda da cimeira dos países do sul da Europa, em Alicante, a questão também deverá ser abordada pelo chefe de Governo espanhol, Pedro Sanchez, e pelo chanceler alemão na cimeira que os dois países celebram na Galiza em 05 de outubro, imediatamente antes da próxima cimeira informal de líderes da UE, agendada para 06 e 07 de outubro em Praga.

Em 12 de agosto passado, a Comissão Europeia garantiu que vai "apoiar e encorajar" Espanha e França a avançar com interligações, nomeadamente de gás através de Portugal, para aumentar as interconexões entre a Península Ibérica e o resto da União Europeia.

"Como referido no plano [energético europeu] REPowerEU, continuaremos a apoiar e encorajar as autoridades espanholas e francesas a acelerar a implementação dos três projetos de interesse comum existentes através do Grupo de Alto Nível Sudoeste Europeu com o objetivo de aumentar a capacidade de interconexão entre a Península Ibérica e a França", indicou fonte oficial do executivo comunitário em resposta escrita enviada à agência Lusa.

A posição surgiu um dia depois de o chanceler alemão, Olaf Scholz, se ter manifestado a favor de um gasoduto que transporte gás a partir de Portugal através de Espanha e França para o resto da Europa, para reduzir a atual dependência de gás russo, em altura de guerra na Ucrânia e de crise energética.

"Pensamos também que investimentos adicionais para ligar os terminais de importação de GNL [gás natural liquefeito] na Península Ibérica e a rede da UE através de infraestruturas preparadas para o hidrogénio podem contribuir ainda mais para diversificar o fornecimento de gás no mercado interno e ajudar a explorar o potencial a longo prazo de hidrogénio renovável", acrescentou a fonte comunitária à Lusa.

Em 11 de agosto, o primeiro-ministro português, António Costa, garantiu que "a Alemanha pode contar 100% com o empenho de Portugal para a construção do gasoduto" e também o Governo espanhol garantiu empenho na proposta alemã para um gasoduto entre a Península Ibérica, desde Portugal, e o resto da Europa e disse que uma ligação nos Pirenéus pode estar pronta em menos de um ano se França quiser.

Espanha e Portugal têm pedido à UE para acelerar o aumento das interconexões para transporte de gás entre a Península Ibérica e outros países europeus, precisamente por a Península Ibérica ter poucas interligações com o resto da Europa, mas o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem argumentado que não há provas evidentes da necessidade de um novo gasoduto.

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