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Empresários do setor dos plásticos alertam para perda de competitividade

Empresários do setor dos plásticos alertaram para a perda de competitividade devido ao aumento dos custos da energia, que impede o crescimento das empresas e pode originar desemprego.

Empresários do setor dos plásticos alertam para perda de competitividade
Notícias ao Minuto

12:01 - 22/09/22 por Lusa

Economia Crise/Energia

"Afeta muito a competitividade das empresas", disse à agência Lusa o presidente do Conselho de Administração da Vizelpas, sediada em Vizela (Braga), que se dedica à produção de filmes técnicos flexíveis para as áreas alimentar e médico-cirúrgica, entre outras.

Segundo Modesto Araújo, em agosto do ano passado a fatura de eletricidade oscilava entre os 70 e os 80 mil euros. "Em agosto de 2022, passou para cerca de 300 mil euros", declarou.

O empresário esclareceu que a Vizelpas tinha a possibilidade de no início do ano fazer "um contrato a oito ou a 10 anos a 0,85 euros o Megawatt", quando o preço então era de 0,50 euros.

"Éramos para fechar o negócio, mas a operadora veio dizer em fevereiro ou março que era melhor não o fazermos, porque o Governo estava a negociar uma redução no preço da energia e ia pôr um teto para o gás que iria condicionar o preço da eletricidade e era melhor aguardarmos até agosto", referiu.

Modesto Araújo esclareceu que a empresa esperou até final de junho e, "qual espanto, a fatura de julho é quase 250 mil euros".

"Os nossos governantes negociaram um teto para o gás, mas meteram um mecanismo de ajuste que é pago pelas empresas, ao contrário de Espanha", esclareceu, reconhecendo que se tivesse feito o contrato em fevereiro "a energia estava mais barata".

O empresário equaciona "parar uma ou duas linhas de produção porque há produtos que deixam de ser competitivos", admitindo: "Se calhar vamos parar e mandar pessoas para o desemprego".

A Vizelpas, com 24 anos de existência, tem 210 funcionários e exporta 65% da produção.

"Tínhamos um projeto para outro concelho que vamos ponderar", adiantou, salientando ainda que também iniciou a compra de terrenos para instalar energia renovável, mas a burocracia inerente é "um trinta e um".

Modesto Araújo lembrou que "nunca na história da empresa se elaborou um orçamento que esteja sujeito à sorte, isto é, à variação do preço de energia", pedindo ao Governo que olhe para a situação, porque é "preciso que haja uma uniformidade de preço" para todas as empresas.

"Estamos na União Europeia e, por isso, devemos ter regras similares para todos, não é uns terem energia a oito e outros a oitenta. Têm de ser tomadas medidas nesta área para haver mais equidade na competitividade das empresas", defendeu.

No caso da RCDPLAS, de Vale de Cambra (Aveiro), empresa especializada na reciclagem de plásticos, em julho de 2021 a fatura da eletricidade era de 34 mil euros, passando para 88 mil euros em julho último.

"Em termos da estrutura de negócio, face aos preços de venda e ao volume de vendas, o negócio deixou de ser viável. Passamos a ter um prejuízo todos os meses", afirmou o sócio-gerente Rui Carvalho, quando questionado sobre os impactos do aumento do custo da energia.

Rui Carvalho explicou que "a subida de preços que se tem de fazer e caso não haja aceitação dos clientes, a empresa deixa de ter mercado e em três, quatro meses, deixa de ter fundo de maneio para suportar os custos de energia e outros tantos custos".

De acordo com este sócio-gerente, a empresa, que tem no estrangeiro o destino de 40% da produção, deixará de ter competitividade, pois "não consegue sequer concorrer" com empresas do mercado nacional.

"Há empresas que não estão a pagar o mecanismo de ajuste e têm metade do custo da energia que nós temos, porque têm contratos mais antigos", declarou, assumindo "não ser fácil concorrer com estas empresas que não têm culpa desta situação".

Diogo Mourão, também sócio-gerente da RCDPLAS, empresa com quatro anos e meio de existência e 20 funcionários, salientou que esta "vinha a ter um caminho sustentável", apesar de a pandemia de covid-19 ter trazido mais dificuldades.

Reconhecendo que o aumento do preço da energia "põe em causa planos de crescimento e desenvolvimento da empresa" ou "até pagar melhor aos colaboradores", Diogo Mourão concretizou: "A empresa fica estrangulada e a trabalhar para pagar uma fatura da eletricidade".

"Ou seja, uma empresa que gerava um 'cash-flow' positivo, tinha visão e dinheiro para investir, boa carteira de clientes internacionais, de repente vai trabalhar para pagar a fatura de eletricidade", lamentou.

Ao executivo, Diogo Mourão pede "um apoio que seja direcionado em concreto à diminuição da fatura da eletricidade", porque o resto a RCDPLAS tem: "Uma boa gestão, um plano, pessoas e clientes".

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