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São Tomé. Próximo Governo com economia a abrandar e inflação a disparar

O próximo Governo de São Tomé e Príncipe vai liderar um país em crescimento económico no seguimento do abrandamento pandémico, mas herda também um país enfraquecido pelos choques externos que afetam as economias mais vulneráveis.

São Tomé. Próximo Governo com economia a abrandar e inflação a disparar
Notícias ao Minuto

08:25 - 22/09/22 por Lusa

Economia São Tomé

São Tomé e Príncipe manteve a estabilidade macroeconómica, apesar de muitos desafios; devido, em grande medida, a choques exógenos, o crescimento diminuiu e a inflação aumentou em 2021", escrevia o Fundo Monetário Internacional (FMI) na última avaliação anual à economia de São Tomé, em março.

Desde então, o mundo mudou, principalmente devido ao impacto da invasão da Ucrânia pela Rússia, que teve como consequências principais o aumento dos preços dos cereais e da energia, duas matérias-primas de que São Tomé, como a generalidade dos países africanos, é um importador líquido.

Ainda assim, "as perspetivas económicas mantêm-se favoráveis, com o crescimento a dever aumentar para 2,3% em 2022 e 2,8% em 2023", considerava, em março, o FMI, mas desde então a previsão desceu para uma expansão de 1,6% este ano, mantendo-se a estimativa de 2,8% para o próximo ano.

A subida dos preços para os consumidores é, no entanto, a grande preocupação para os cidadãos: o FMI prevê que os preços subam de 8,1%, no ano passado, para 14,5%, antes de abrandar para 9,2% no próximo ano, valores que não se registavam desde meados da década passada.

"As repercussões internas do aumento dos preços internacionais dos combustíveis poderão dificultar a recuperação, agravar os cortes de energia e a inflação e afetar negativamente as receitas e os subsídios implícitos", alertou o Fundo, que tem em curso, desde o final de 2019, um programa de assistência económica no valor de 18,1 milhões de dólares, sensivelmente o mesmo em euros.

As várias crises que o arquipélago enfrenta fazem com que São Tomé e Príncipe dificilmente quebre o ciclo de dependência externa, com os doadores externos, como o Japão, Nigéria ou Portugal a terem de ajudar financeiramente o país a organizar a realização das eleições legislativas e autárquicas, marcadas para 25 de setembro.

"Ousamos dizer que desde a institucionalização do banco central até à presente data, a conjuntura internacional nunca esteve tão desfavorável e tão adversa aos propósitos da economia são-tomense como se tem mostrado nos últimos três anos", admitiu Américo Barros no final de agosto, quando se assinalaram os 30 anos do banco central.

"Estima-se que a taxa do crescimento económico volte a abrandar e situar-se em 1,4 % em 2022 e que o risco de uma inflação alta a dois dígitos seja uma realidade inevitável até ao final do ano", sublinhou o governador na cerimónia, na qual participaram as principais figuras do país, a começar pelo Presidente da República, Carlos Vila Nova, e continuando até aos representantes dos parceiros internacionais, essenciais para equilibrar o Orçamento.

O impacto negativo da pandemia de covid-19 e da guerra na Ucrânia na economia nacional incide com maior acuidade na instabilidade de preços, na fraca entrada de recursos financeiros externos, na redução dos níveis das Reservas Internacionais Líquidas e no aumento de inflação", sintetizou Américo Barros.

A degradação das condições de vida e o impacto do aumento dos preços na vida quotidiana é um dos temas que trespassa a sociedade civil, com o chefe de Estado a reconhecer um "aumento exponencial do custo de vida" para os são-tomenses.

"O agravamento das alterações climáticas, associadas aos elevados preços dos combustíveis nos mercados internacionais e a apreciação do dólar face ao euro têm colocado pressão para a cobertura cambial das importações, com consequências diretas nos aumentos de preços dos principais produtos alimentares, sobretudo os que fazem parte da cesta básica das famílias são-tomenses", disse o Presidente da República no final de agosto, concluindo: "É hoje uma realidade o aumento exponencial do custo de vida para a família são-tomense".

No total, dez partidos e uma coligação concorrem as eleições legislativas de São Tomé e Príncipe: Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe / Partido Social Democrata (MLSTP/PSD); Ação Democrática Independente (ADI); Basta; Movimento Democrático Força da Mudança/União Liberal (MDFM/UL); União para a Democracia e Desenvolvimento (UDD); CID-STP, Movimento União para o Desenvolvimento Amplo (Muda); Partido Novo; Movimento Social Democrata/Partido Verde de São Tomé e Príncipe (MSD-PVSTP); Partido de Todos os Santomenses (PTOS) e a coligação Movimento de Cidadãos Independentes/Partido Socialista/Partido da Unidade Nacional.

Em disputa está a eleição de 55 deputados à Assembleia Nacional de São Tomé e Príncipe, incluindo dois que pela primeira vez serão eleitos pelos círculos eleitorais da Europa e de África.

A ADI foi o partido mais votado nas eleições de 2018, elegendo 25 deputados, seguida pelo MLSTP/PSD, que conseguiu 23 assentos.

A coligação então formada pelo Partido da Convergência Democrática (PCD, segundo maior partido da oposição), pela UDD e pelo MDFM, foi a terceira formação mais votada, obtendo cinco mandatos. O Movimento de Cidadãos Independentes de São Tomé e Príncipe/Partido Socialista (MCI/PS) ocuparam dois lugares no parlamento.

MLSTP e a coligação PCD-UDD-MDFM formaram a chamada 'nova maioria' e constituíram governo, liderado por Jorge Bom Jesus.

No dia 25, também o governo regional do Príncipe vai a votos, concorrendo dois a União para a Mudança e Progresso do Príncipe (UMPP), liderado pelo atual presidente, Filipe Nascimento, e a coligação Movimento Verde para o Desenvolvimento do Príncipe (MVDP) e MLSTP/PSD, encabeçada por Nestor Umbelina.

Os 123.302 eleitores são-tomenses são ainda chamados a escolher os presidentes das autarquias.

Leia Também: Seis missões de observação acompanham eleições em São Tomé

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