Na segunda ronda do debate proposto pelo PCP sobre "O aumento do custo de vida e dos lucros dos grupos económicos e o agravamento das desigualdades", João Galamba dirigiu-se especificamente à deputada do BE, Mariana Mortágua, que tinha criticado o Governo por não avançar para uma taxação dos chamados lucros excessivos de empresas que "estão a ganhar com a crise".
"Não envergonha o Governo que o ministro das Finanças alemão - que apoiou a Iniciativa Liberal - venha defender esta taxa, que a presidente da Comissão Europeia defenda esta taxa que o Governo rejeita? Essa é a pergunta a que o Governo terá de responder até ao dia em que for obrigado contra a sua vontade a criar esta taxa", criticou a deputada bloquista.
Na resposta, o secretário de Estado criticou Mariana Mortágua por continuar a insistir na taxa -- designada em inglês por 'windfall tax' -- "sem perceber que as medidas que o Governo tomou, seja na eletricidade seja no gás, configuram isso mesmo".
"Mas os senhores deputados estão tão cegos com a palavra 'windfall tax' que perderam a capacidade de olhar a realidade e perceber o que é um ganho excessivo ou uma medida que reduz ganhos excessivos em benefício do consumidor?", criticou.
O governante enquadrou nesta categoria quer o mecanismo ibérico que "limitou ganhos excessivos das empresas e os direcionou para baixar a eletricidade" dos consumidores e a medida de permitir a todos o regresso ao mercado regulado de gás, forçando uma empresa a vender "a 99,7% dos consumidores" a preços fixados pela entidade reguladora.
"Estas duas medidas deveriam merecer o aplauso do BE, mas pela fixação obsessiva com uma palavra perderam a capacidade de avaliar as políticas pelos seus méritos e de perceberem os efeitos benéficos que têm nos consumidores", criticou.
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