O ministro cubano da Economia e Planeamento, Alejandro Gil, divulgou estes números durante uma sessão plenária da Assembleia Nacional do Poder Popular (Parlamento).

Alejandro Gil reconheceu que, embora alguns preços oficiais, como na alimentação ou eletricidade, não tenham subido, "a maioria das pessoas" acede a produtos a preços não regulamentados, através de intermediários que praticam "revenda e especulação".

Analistas independentes estimam que a inflação no mercado informal da ilha no ano passado tenha ficado entre os 500 e 700%.

O ministro estimou que a inflação oficial para 2022 como um todo pode ficar em torno de 28%, o que significaria um acumulado acima dos 100% em dois anos.

Alejandro Gil reconheceu ainda que 2021 foi o segundo ano consecutivo com um défice fiscal superior a 10% do Produto Interno Bruto (PIB), algo que defendeu devido ao caráter social da despesa pública, num contexto de crise económica.

No entanto, o ministro da Economia e Planeamento defendeu que se deve avançar para a estabilidade orçamental e estudar a eficiência e o tamanho da empresa estatal socialista.

O ministro adiantou ainda que será flexibilizada a "importação por pessoas singulares em regime não comercial", aumentando os montantes e pesos máximos e reduzindo as tarifas.

Gil salientou também que não se prevê que se tome decisão semelhante para as pessoas singulares de natureza comercial, porque provocaria uma fuga de divisas.

Segundo o governante, estão a ser dados os passos "finais" para o lançamento de um sistema de troca de moeda para a população nacional e visitantes internacionais, que inclua o dólar em numerário.

A principal dificuldade nesta área é a diferença entre a taxa de câmbio oficial (1 dólar por 24 pesos cubanos) em relação aos mais de cem pesos que se podem alcançar por dólar no mercado informal.

Para competir, é necessária uma "taxa de câmbio com base económica", sustentou Alejandro Gil, sem fornecer números específicos.

Isso, reconheceu, "não é isento de riscos".

Cuba vive uma grave crise económica, visível nas filas, na escassez de produtos básicos como alimentos e remédios, no forte aumento de preços e nos frequentes cortes de energia.

Esta situação resulta de uma combinação entre a pandemia de covid-19, as sanções dos EUA e falhas na política económica nacional.

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