Novo instrumento 'anti-fragmentação' do BCE analisado na reunião de julho
O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu (BCE) irá avaliar o novo instrumento anti-fragmentação, que está a ser desenvolvido, na próxima reunião de julho, informou hoje a presidente da instituição, Christine Lagarde.
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Economia BCE
Numa intervenção no painel de encerramento do Fórum BCE, em Sintra, no qual também participaram o presidente da Reserva Federal norte-americana (Fed), Jerome Powell, o governador do Banco de Inglaterra, Andrew Bailey, e o diretor-geral do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS), Agustín Carsten, Lagarde escusou-se a entrar em detalhes sobre as características novo instrumento, cujo desenvolvimento a instituição decidiu acelerar, justificando ser "um trabalho em progresso".
No entanto, assinalou que o BCE decidiu "reforçar" a "capacidade de transmitir adequadamente" a política monetária, "concebendo um novo instrumento que será considerado pelo Conselho de Governadores do BCE em julho".
A responsável do BCE reforçou que o novo instrumento será "eficaz" e "proporcional".
O BCE anunciou, em 15 de junho, após uma reunião de emergência que iria "acelerar" o projeto de um novo instrumento "anti-fragmentação" para impedir um afastamento muito grande entre as taxas de juro dos países do Norte e os do Sul na zona euro.
A tensão nos mercados aumentou particularmente depois de o BCE ter anunciado na última reunião que vai subir as taxas de juro em julho, a primeira subida em 11 anos, depois de ter concluído as compras líquidas de dívida pública e privada, o que levou a uma subida dos juros da dívida de alguns países, com a Itália a ser apontada como particularmente afetada.
O vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, já tinha afirmado que a instituição está empenhada em evitar a fragmentação injustificada nos mercados de dívida.
"Estamos totalmente comprometidos em desenvolver, projetar e aplicar rapidamente um instrumento para lidar com a fragmentação injustificada", disse De Guindos durante uma conferência, em Milão.
Também o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, defendeu que o novo instrumento anti-fragmentação que o BCE está a preparar é paralelo à normalização da política monetária, criando as condições para a sua concretização.
Mário Centeno escusou-se a detalhar as características do novo instrumento, uma vez que ainda está a ser desenvolvido, mas afirmou que pretende criar as condições adequadas para que a normalização da política monetária anunciada pelo BCE possa avançar.
O governador sublinhou que esta "não é uma alteração de trajetória", mas sim, pelo contrário, criar as condições para que a trajetória definida se possa materializar.
Segundo fontes ouvidas pela Bloomberg, na última reunião do Eurogrupo, Christine Lagarde terá indicado aos ministros da Economia e das Finanças da zona euro que o desenho do novo instrumento contempla a possibilidade de ser acionado se os 'spreads' entre os juros da dívida dos países da zona euro subirem além de certos limites ou se excederem uma certa velocidade.
A presidente do BCE terá explicado ainda que o novo mecanismo se destina a impedir que movimentos irracionais do mercado pressionem individualmente os países do euro à medida que se avança na normalização da política monetária.
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