Esta emissão de dívida de curto prazo tem como maturidade 23 de setembro de 2022. A procura atingiu 2,13 vezes o montante colocado, de acordo com os dados da agência de informação financeira Bloomberg.
No anterior leilão comparável, em 20 de abril, o IGCP colocou 451 milhões de euros em BT a três meses à taxa média de -0,655%, com a procura a atingir 3,06 vezes o montante colocado.
Segundo o analista Filipe Silva, do Banco Carregosa, apesar de nesta emissão Portugal ainda ter conseguido emitir dívida de curto prazo "com uma 'yield' negativa, e receber pela emissão da mesma ('yield' negativa), a verdade é que essa esta tem vindo a descer de forma significativa".
No comentário hoje divulgado, o economista refere que a alta inflação e o facto de ser mais duradoura do que inicialmente previsto "tem levado os bancos centrais a terminarem mais cedo os planos de compra de ativos, assim como a iniciar um ciclo de subidas de taxas". Contudo, mesmo assim, o mercado continua a exercer uma grande pressão, pelo que "à medida que o tempo passa as expectativas relativamente a novos aumentos sobem".
Filipe Silva recorda que Portugal iniciou este ano com a taxa da dívida a 10 anos nos 0,465% e que agora está nos 3%, uma subida abrupta.
"Os bancos centrais tentam adotar medidas que não coloquem em causa o crescimento económico, no entanto, a tarefa não tem sido fácil e o impacto imediato tem sido assistir a uma subida dos custos de financiamento em todos os setores da atividade económica. Neste campo, os países mais endividados poderão ser os mais penalizados", diz o analista de dívida pública.
O Banco Central Europeu (BCE) vai realizar hoje uma reunião de emergência, uma semana após ter anunciado um endurecimento da política monetária para combater a inflação.
Os dirigentes do BCE já deram a entender que estão prontos para intervir urgentemente se o risco de fragmentação no mercado da dívida soberana aumentar, incluindo com novos instrumentos, mas muitos observadores lamentaram a falta de uma solução concreta apresentada pela instituição.
Os custos de financiamento de vários países aumentaram nos últimos dias (sobretudo nos países do Sul da Europa), sendo a maior preocupação a pressão sobre os juros da dívida de Itália. A 'yield' das obrigações de Itália a 10 anos passou os 4% no início desta semana.
Os mercados esperam que da reunião de hoje saiam algumas medidas concretas sobre o que fará o BCE, designadamente para apoiar os países mais endividados (designadamente do Sul da Europa).
Na terça-feira, a alemã Isabel Schnabel, membro da comissão executiva do BCE, disse em Paris que a instituição não tolerará alterações nas condições de financiamento dos 19 países da zona euro que vão além dos fundamentais económicos de cada país e que ameacem a transmissão da política monetária.
Em julho de 2012 foi marcante o discurso de Mario Draghi, então presidente do BCE, ao dizer que iria "fazer o que for necessário" para preservar o euro.
A reunião extraordinária do BCE acontece no mesmo dia em que o banco central norte-americano (Fed) divulga as suas decisões sobre um novo aumento das taxas de juro, que pode mesmo ser o maior em 27 anos, para conter a inflação. A taxa de juro de referência da Fed, que está atualmente entre 0,75% e 1%, deve subir pela terceira vez desde março.
[Notícia atualizada às 12h44]
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