Segundo a Bloomberg, o Credit Derivatives Determinations Committee (CDDC) determinou que o país falhou o pagamento de juros de 1,9 milhões de dólares (cerca de 1,7 milhões de euros) nestes títulos e com isso gerou o potencial reembolso de 'credit default swaps', visto que Moscovo não incluiu os juros adicionais de um pagamento em atraso nas obrigações realizado no mês passado.
De acordo com a Bloomberg, os 'credit default swaps' cobriam no mês passado um total de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) em dívida russa, sendo que no final de abril este valor atingia os 3,2 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros).
A agência ressalva que os 1,9 milhões de dólares que agora estão em falta não são suficientes para gerar um 'default' (incumprimento) generalizado em outros instrumentos, sendo necessário um mínimo de 75 milhões de dólares (69,8 milhões de euros).
Os 'credit default swaps' são um instrumento financeiro que permite a um investidor ser reembolsado em caso de 'default'.
Segundo a Bloomberg, depois da invasão da Ucrânia, os investidores compraram destes instrumentos, bem como a dívida pública e privada russa a que estão ligados, tendo em conta que a venda generalizada de ativos do país por parte de investidores institucionais estava a tornar o mercado atrativo.
Os Estados Unidos anunciaram que iam acabar, a partir de 25 de maio, com a exceção que permitia à Rússia pagar as suas dívidas com dólares, decisão que pode levar Moscovo a entrar em incumprimento, anunciou o Departamento de Tesouro.
Desde as primeiras sanções contra a Rússia, o Departamento de Tesouro norte-americano tinha concedido aos bancos uma autorização para processar qualquer pagamento de títulos de dívida da Rússia.
O governo liderado por Joe Biden já tinha dado sinais que não pretendia estender o prazo desta exceção.
Sem a licença para usar os bancos norte-americanos para pagar as suas dívidas, a Rússia não terá capacidade para pagar aos seus investidores internacionais de títulos.
O Kremlin (presidência russa) tem utilizado o JPMorgan Chase e o Citigroup como canais para o pagamento das suas obrigações.
Desde 05 de abril, quando as sanções contra Moscovo foram reforçadas, que a Rússia já não podia pagar a sua dívida com dólares que detinha em bancos norte-americanos, noticiou a agência France-Presse (AFP).
A governadora do banco central russo, Elvira Nabioullina, admitiu em 29 de abril que Moscovo estava a enfrentar "dificuldades de pagamento", mas recusou-se a falar sobre um possível incumprimento.
O Kremlin parece ter previsto a probabilidade dos EUA não permitirem que a Rússia continue a pagar os seus títulos em dólares e o Ministério das Finanças russo pagou antecipadamente dois títulos que venceriam no mês passado, noticiou ainda a AP.
Nesse caso, os próximos pagamentos que a Rússia precisará de fazer vencem em 23 de junho e, como outras dívidas russas, esses títulos têm um período de carência de 30 dias, o que faria com que a situação de 'default' fosse declarada até ao final de julho, exceto o cenário improvável da guerra na Ucrânia terminar antes dessa data.
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