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Aumento das taxas de juro nos EUA deve acelerar saída de capital da China

A saída de capital da China deve acelerar, nas próximas semanas, preveem analistas, à medida que o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano ultrapassa, pela primeira vez desde 2010, os juros das obrigações do Estado chinês.

Aumento das taxas de juro nos EUA deve acelerar saída de capital da China
Notícias ao Minuto

09:34 - 13/04/22 por Lusa

Economia Analistas

Em março, o país asiático registou já uma retirada de dinheiro "sem precedentes", por parte de fundos e investidores estrangeiros, segundo o Institute of International Finance, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

"Não temos visto fluxos de saída semelhantes noutros mercados emergentes, mas, nesta fase, é ainda muito cedo para dizer que existe uma mudança estrutural relativamente à China", apontaram, no relatório, os analistas Robin Brooks, Jonathan Fortun e Jack Pingle.

No entanto, o início da retirada de títulos chineses dos portefólios globais coincidiu com a invasão da Ucrânia, o que sugere que os investidores estão a olhar para a China sob um novo ângulo, à medida que o país reafirma a importância da sua parceria com Moscovo.

Esta semana, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA a 10 anos subiu para 2,78%, superando pela primeira vez o retorno de 2,75%, do título de referência das obrigações emitidas pelo Governo chinês com a mesma validade.

"Sempre que a diferença nas taxas de juros entre a China e os Estados Unidos se reduz rapidamente (...) a saída de capital estrangeiro da China acelera", observou Liu Yaxin, estrategista do China Merchants Securities, uma corretora com sede em Xangai, numa nota publicada hoje.

"Olhando para a inflação nos EUA e para os fundamentos económicos da China, a reversão nas taxas de juros pode manter-se por um período de tempo. As saídas de capital estrangeiro vão continuar, e, no curto prazo, a taxa de câmbio [da moeda chinesa] yuan, face ao dólar norte-americano, enfrentará pressão para se desvalorizar", acrescentou.

A liquidação de títulos da dívida chinesa está concentrada no mercado de dívida soberana.

A saída de capital ascendeu a 51,8 mil milhões de yuans (7,4 mil milhões de euros), em março, de acordo com um relatório compilado na terça-feira pela Western Securities, empresa de serviços financeiros com sede em Xi'an, centro da China.

Os investidores também intensificaram a venda de títulos de dívida emitidos pelos bancos estatais chineses, responsáveis por financiar projetos liderados pelo governo.

O montante de títulos liquidados cresceu para 39,68 mil milhões de yuans (5,8 mil milhões de euros), em março, face a 28,53 mil milhões de yuans (4 mil milhões de euros), em fevereiro, segundo o relatório da Western Securities.

O Banco do Povo da China (banco central) deve reduzir este ano as taxas de juros, para amortecer o impacto de novos surtos de covid-19, enquanto a Reserva Federal dos EUA prevê aumentar as taxas, visando travar o aumento da inflação.

Analistas da Everbright Securities disseram que a saída contínua de capital, juntamente com a crescente depreciação do yuan, pode ser desestabilizadora para os mercados financeiros da China.

Quando a Reserva Federal dos EUA elevou as taxas de juros, pela última vez, em 2015, provocou uma fuga de capitais da China. As reservas cambiais do país caíram para o nível mais baixo, entre 2015 e 2016, durante o qual também houve uma queda sem precedentes no mercado de ações.

"Mudanças na taxa de câmbio do yuan devido a fluxos de capital transfronteiriço podem afetar indiretamente o mercado financeiro doméstico", disse a Everbright Securities, numa nota difundida hoje.

"O ciclo de aperto monetário da [Reserva Federal], depreciação da taxa de câmbio do yuan e a saída de fundos da conta de capital têm muitas vezes um efeito espiral, que por sua vez tem um impacto negativo na estabilidade do mercado financeiro doméstico", descreveu.

Leia Também: Inflação na China fixa-se em 1,5% em março

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