CCT acusa Galp de drenar a economia com possível aumento dos dividendos
A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, detida pela Galp, disse hoje que a empresa pretende aumentar os dividendos dos acionistas, considerando que se trata de uma "drenagem" da economia portuguesa.
© Galp Energia
Economia Galp
Esta posição surge na sequência do comunicado da Galp à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em 02 de fevereiro, a dar conta de que o "forte 'cash flow' operacional [...] no quarto trimestre será parcialmente compensado por um aumento do fundo de maneio, principalmente relacionado com efeitos temporários de contas de margem ao final de 2021".
"Considerando que os referidos efeitos temporários de fundo de maneio irão reverter ao longo de 2022, o Conselho de Administração da Galp irá considerar um ajuste na distribuição acionista relativa ao ano fiscal de 2021", acrescenta a empresa, referindo que este "ajuste" será anunciado no dia da publicação dos resultados, em 21 de fevereiro.
Para a CCT, "em português", isto quer dizer que a Galp "tem excesso de liquidez e vai sem surpresas entregá-lo aos acionistas sob a forma de dividendos", referiu, em comunicado enviado à comunicação social.
"Há uma transferência/drenagem direta da economia portuguesa para os acionistas da Galp e o Governo assiste a tudo de uma forma comprometida, em continuação do que tem sido a sua política até aqui, porém, com uma diferença muito significativa, com maioria absoluta", acusou a CCT.
Os representantes dos trabalhadores sustentam esta acusação com dados dos relatórios mensais da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), que indicam que, nos anos de pandemia (2020 e 2021), "a margem de lucro retirada por cada litro de combustível vendido em Portugal aumentou (10 cêntimos no gasóleo e 10,2 cêntimos na gasolina 95)" e, assim, aquele aumento "conjugado com a recuperação do mercado em 2021, contribuiu em grande parte para o excesso de liquidez que será entregue aos acionistas".
Segundo o 'Trading Update' da Galp relativo ao quatro trimestre do último ano -- cujos dados são provisórios e podem ainda diferir dos resultados trimestrais que serão divulgados no dia 21 --, no período em análise, as vendas de gás natural a clientes registaram uma quebra homóloga de 23%, para 4,5 terawatt-hora (TWh), enquanto no segmento de eletricidade aumentaram 27%, para 1,121 TWh.
Face ao trimestre anterior, as vendas de produtos petrolíferos, as de gás natural e as de eletricidade subiram todas 3%.
Já a produção de petróleo avançou 2% em termos homólogos, para 123,0 mil barris por dia, mas recuou 3% face ao trimestre anterior, enquanto o total de matérias-primas processadas recuou 42% relativamente a 2020 e 39% em cadeia, com a margem de refinação a aumentar 36% face ao trimestre anterior, para 5,6 dólares por barril.
Já a margem de refinação foi "suportada por um contexto internacional mais favorável, apesar das restrições operacionais do trimestre".
No segmento das renováveis, a Galp registou um aumento de 26% da geração de energia renovável face ao mesmo período de 2020, tanto nas capacidades detidas a 100% pela Galp (para 213 GWh), como naquelas em que detém apenas uma participação (157 GWh).
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