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Corte Real quer Estado envolvido em solução para Montepio

O candidato a presidente da Associação Mutualista Montepio Geral Pedro Corte Real considera que o Estado deve ser envolvido numa solução para o Montepio e que a atual administração não é reconhecida como um parceiro credível.

 Corte Real quer Estado envolvido em solução para Montepio
Notícias ao Minuto

10:38 - 02/12/21 por Lusa

Economia Montepio

"A nossa solução de base é sentarmo-nos com entidades públicas e tentarmos encontrar uma solução. A imagem mais simples que consigo passar é de um apoio alinhado com o apoio financeiro aos bancos durante período da 'troika'", diz em entrevista à Lusa Pedro Corte Real, que encabeça a Lista B às eleições do Montepio, que decorrem de 13 a 17 de dezembro.

Em 2012, o Estado capitalizou os bancos Caixa Geral de Depósitos, BCP e BPI, através de dívida convertível em capital. Ou seja, caso estes não pagassem a dívida o Estado iria tornar-se acionista dos bancos.

Segundo Pedro Corte Real, os bancos que emitiram os designados 'CoCo' pagaram logo que possível essa dívida ao Estado, porque era muito cara e estão de volta aos lucros, ao contrário do banco Montepio.

Para o professor do departamento de Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, o Montepio é um banco tão sólido como os outros, cumprindo as exigências do supervisor, desde logo em rácios de capital, mas precisa de capital para melhorar a atividade operacional (sobretudo conceder empréstimos) e resolver o problema dos créditos problemáticos de modo a gerar resultados que lhe permita "devolver os 2,4 mil milhões de euros de poupanças dos associados colocados no banco".

Contudo, de momento a mutualista não tem a disponibilidade financeira necessária, pelo que precisa de apoio, defende.

"Tem de ser o banco a trabalhar para a associação mutualista e não como nos últimos anos que tem sido a mutualista a fazer a aposta total no banco quando não tem cumprido os planos de atividade e orçamento definidos pela dupla Tomás Correia/Virgílio Lima", afirma.

Segundo Corte Real, além da solução referida, podem ser discutidas várias soluções com o Banco de Portugal e o Ministério do Trabalho e Segurança Social (que tem a tutela da mutualista), mas antes os membros da sua lista precisam de ter uma noção aprofundada da realidade concreta da mutualista e do banco, uma vez que a informação pública não é suficiente.

Para isso, se ganhar, quer de imediato reunir com os auditores independentes para compreender a "real fotografia" e para que estes quantifiquem em quanto acham que estão alteradas as contas por efeito dos ativos por impostos diferidos.

"É o próprio auditor independente que diz que há sobrevalorização do ativo, que é materialmente relevante, mas não quantifica. Não nos podemos apresentar a estas entidades públicas sem levar uma panóplia de potenciais soluções e perceber como podemos desenvolver soluções. [...] Poderá [o apoio do Estado] ser capital, poderá ser garantia, mas precisamos de informação sobre a situação", diz.

Sobre a entrada de um acionista no capital do banco Montepio, é uma solução à qual a sua lista "não fecha a porta", se for necessário, mas que esse parceiro terá de saber que está a entrar numa entidade da economia social e aceitar um caderno de encargo de longo prazo.

"Se for necessário chegaremos a este ponto mas não tem de ser necessário. Acreditamos que se parceiros nacionais institucionais [Governo e Banco de Portugal] derem tempo suficiente à instituição e com plano sério e credível conseguiremos evitar entrada de um parceiro [no capital do banco]. Mas não vamos dizer que não faríamos em circunstâncias nenhumas, porque isso não seria falar verdade aos associados", afirma.

Para Pedro Corte Real, na solução para o Montepio é fundamental a mudança da administração da mutualista pois crê que a atual está desacreditada junto do Governo e supervisores.

"Não tenho a mínima dúvida que [Governo e Banco de Portugal] percebendo que à sua frente tem um conjunto de pessoas competentes, credíveis e confrontados, com dois ou três cenários para resolução de problemas da instituição, estarão disponíveis para colaborar", afirma.

Para o professor universitário, o atual "silêncio" do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social quanto ao plano de convergência da mutualista para ficar sob a supervisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) deve-se ao facto de aquele "não entender que tem do outro lado [na atual administração da mutualista, liderada por Virgílio Lima] um parceiro credível" e "está à espera" que haja uma alteração de gestão para ser definido o plano de convergência.

O candidato da lista B diz que foi numa audição da presidente da ASF no parlamento que se soube que ainda não há plano, considerado por isso que os últimos três anos foram perdidos, uma vez que o plano de convergência já devia estar acordado com o regulador dos seguros e a ser executado.

Sobre a ideia de Virgílio Lima (atual presidente da mutualista e candidato da lista A) de passar crédito problemático do banco Montepio para uma sociedade-veículo, limpando o banco desses ativos 'tóxicos' e ajudando à sua recapitalização, Corte Real diz que para uma solução desse tipo é preciso pôr dinheiro no banco e Virgílio Lima nunca diz como isso será feito.

"São soluções tecnicamente adaptáveis mas requerem capital. [...] A mensagem que Virgílio Lima lança é falsa, não há solução só com base em crescimento endógeno" do banco, sublinha.

As eleições de 17 de dezembro para a Associação Mutualista Montepio Geral vão eleger o Conselho de Administração, o Conselho Fiscal, a Mesa da Assembleia-Geral e a Assembleia de Representantes para o mandato 2022-2025.

A Associação Mutualista Montepio Geral tem 600 mil associados e é o topo do grupo Montepio, em que se inclui o Banco Montepio. Desde final de 2019 é liderada por Virgílio Lima, que sucedeu a Tomás Correia, que saiu envolto em polémicas.

Leia Também: Eugénio Rosa quer garantia estatal que limpe banco de créditos 'tóxicos'

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