O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho parece não ser o único contra o Manifesto pela reestruturação da dívida portuguesa, assinado por 70 personalidades portuguesas.
Na antena da Rádio Renascença, o economista Luís Aguiar-Conraria, professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho (UM), afirma que o impacto imediato de tal ato seria inegavelmente negativo, e João Duque, presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), fala num "salto de uma ravina" para um mar de profundidade desconhecida.
Ambos salientam, ainda, a incerteza do efeito real das medidas propostas, referindo-se a um terreno que nunca foi explorado.
Aguiar-Conraria sustenta que grande parte da dívida é detida pelos bancos portugueses e “uma reestruturação a sério poderia levar a grandes problemas no sector bancário e consequências negativas nos portugueses”. “Como é impossível deixar os bancos portugueses irem todos à falência, teremos vários BPN, com o Estado português a enfiar o dinheiro em vários bancos. Esse dinheiro seria pago pelos contribuintes?", alerta o docente da UM.
Isso faria com que, acrescenta João Duque, tivesse de se aumentar a dívida para capitalizar os bancos depois do abanão e teria que ser a dívida pública portuguesa outra vez a socorrer os bancos.
Apesar de tudo isto, o economista e presidente do ISEG admite, no entanto, que a proposta é sedutora em certa medida, "mas, para um primeiro-ministro, é difícil admitir isto quando se acredita em inverter o curso da queda desesperante."