Entregue providência cautelar para travar extinção da Sinaga nos Açores
O grupo de cidadãos "Santa Clara - Vida Nova" anunciou hoje que entregou uma providência cautelar para travar "todas as ações de desmantelamento" da fábrica da Sinaga, em Ponta Delgada, que foi extinta pelo Governo dos Açores.
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Economia Sinaga
Em conferência de imprensa realizada no Centro Cívico e Cultural de Santa Clara, o porta-voz do grupo, Luís Cabral, afirmou que o movimento entregou na terça-feira "uma providência cautelar que visa suspender todas as ações de desmantelamento em curso do património da fábrica" da ex-açucareira Sinaga.
O objetivo da ação, acrescentou, é assegurar a "salvaguarda do patrimonial da fábrica e o aproveitamento condizente dos terrenos, da maquinaria e do edificado que a compõem integralmente".
O grupo de cidadãos "Santa Clara -- Vida Nova" lidera a junta daquela freguesia de Ponta Delgada há 16 anos.
Segundo Luís Cabral, ex-presidente daquela autarquia, a providência cautelar conta com "perto de uma centena de autores", entre os quais José António Soares Mota Amaral (antigo administrador da Sinaga), o arquiteto António Soares de Sousa e o historiador Mário Moura.
"Esta providência conta com perto de uma centena de autores representativos da sociedade açoriana dos vários concelhos da ilha de São Miguel, de diversas ilhas e também da diáspora", reforçou.
Luís Cabral criticou a incoerência do Governo Regional (PSD, CDS-PP, PPM) sobre o assunto e afirmou que o "desmantelamento em curso" é "desregrado e dilapidador de valores com relevante interesse histórico e cultural".
"O processo de desmantelamento sistemático e do património da fábrica começou a decorrer sem que tivesse sido ainda decretado a extinção da empresa, nem devidamente clarificado os seus objetivos", apontou.
"Além do espaço museológico", o grupo de cidadãos defendeu que os terrenos da açucareira extinta tenham "utilidade pública" propondo, por exemplo, a criação de "habitação a preços acessíveis" ou de uma central de camionagem.
Na ocasião, João Pacheco de Melo, membro do grupo de cidadãos, enalteceu a importância histórica daquela fábrica.
"Não é o encerramento da fábrica nem a sua liquidação que está em causa. O que é importante saber, e é o que não está esclarecido, é quem está a fazer dinheiro com isso", disse, referindo-se ao "desmantelamento" do recheio.
Pacheco de Melo, que é também presidente da Assembleia de Freguesia de Santa Clara, sugeriu que aquele espaço foi "concessionado a alguém", que "vende como sucata" parte do património.
"Os avisos foram feitos e o mais importante deles todos, já tentando antes e conseguido mais recentemente, foi feito exatamente ao atual presidente do Governo [Regional]", revelou.
A 09 de outubro, foi revelado que centenas de objetos da extinta açucareira SINAGA, foram acolhidos no Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, e os técnicos estão a estudar a preservação do património industrial difícil de transportar devido à dimensão.
Pacheco de Melo realçou que não estão em causa alguns dos objetos que foram levados para o Museu Carlos Machado, mas antes "equipamentos seculares, alguns deles que eram o coração da empresa" e que foram "retalhados" ou "desapareceram".
A Fábrica do Açúcar foi instalada na freguesia de Santa Clara em 1906, tendo sido comprada pela Sinaga em 1969.
A extinção da antiga açucareira, na qual o Governo Regional tinha uma participação de 51% desde 2010, e a integração dos seus 51 trabalhadores na administração pública regional foram aprovadas a 28 de setembro na Assembleia Regional.
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