Trabalhadores da Saint-Gobain vão continuar a lutar contra despedimento
A negociação do despedimento coletivo da Saint-Gobain de Santa Iria da Azoia, Loures, terminou hoje sem acordo entre as partes e os trabalhadores, que viram a sua compensação majorada e alguns benefícios sociais prorrogados, prometem continuar a lutar.
© Eric BERACASSAT/Gamma-Rapho via Getty Images
Economia Saint-Gobain
Após dez horas de reunião, a empresa reiterou a irreversibilidade da decisão de encerramento da atividade produtiva em Santa Iria e os representantes dos trabalhadores continuaram a rejeitar o encerramento da fábrica e o consequente despedimento coletivo de 124 trabalhadores.
Após a reunião foi realizado um plenário no interior da empresa, que terminou com os trabalhadores exaltados a prometer continuar a lutar contra o despedimento, o que levou os representantes da empresa a chamar a polícia ao local, para abandonarem as instalações em segurança.
"Os trabalhadores estão muito revoltados porque ninguém fez nada para impedir este despedimento coletivo e ainda ficaram mais exaltados quando viram que a policia foi chamada ao local para escoltar os representantes da empresa até aos seus automóveis", disse à agência Lusa Fátima Messias, coordenadora da Federação Portuguesa dos Sindicatos da Construção, Cerâmica e Vidro (FEVICCOM).
Segundo a sindicalista, os trabalhadores não se conformam com o facto do grupo Saint-Gobain nada ter feito para impedir o encerramento da empresa, assim como o Governo português.
Os representantes dos trabalhadores da Saint-Gobain reuniram-se segunda-feira, no Ministério do Trabalho, com os secretários de Estado do Emprego e Adjunto do ministro da Economia para tentar que o Governo tomasse medidas antes de a empresa formalizar o despedimento coletivo.
No sábado os trabalhadores manifestaram-se junto à residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, para pedir a sua intervenção, tal como já tinham feito junto aos ministérios do Trabalho e da Economia.
"Pedimos a intervenção do Governo junto desta multinacional, para que impedisse o encerramento da fábrica e defendesse os interesses do país e o aparelho produtivo nacional, dado que é a única fábrica do país que produz vidro para automóveis", disse Fátima Messias.
Da longa reunião de hoje resultou que a empresa vai duplicar o valor das indemnizações relativamente ao que é obrigatório por lei e vai manter alguns benefícios ao longo do próximo ano, nomeadamente seguros de saúde e de vida.
Dos 130 trabalhadores da fábrica, 06 vão ser recolocados num armazém da Saint-Gobain em Palmela e os restantes deverão começar a receber as cartas de aviso prévio de despedimento e, tendo em conta os prazos legais em função da antiguidade, deverão perder o vínculo laboral em novembro e dezembro.
A empresa tinha contratado os serviços de uma consultora para ajudar a encontrar novos empregos para os trabalhadores a despedir e comprometeu-se a manter esse apoio até ao inicio do próximo ano.
Apesar do encerramento das negociações, os trabalhadores decidiram fazer um novo plenário na quinta-feira para decidir o que fazer.
Segundo a empresa, os problemas da Saint-Gobain Sekurit Portugal têm mais de uma década, mas "a pandemia da covid-19 agravou uma situação já de si frágil, aumentando substancialmente a retração do mercado automóvel (a empresa transforma vidro para os automóveis, sendo essa a sua única atividade), sem possibilidades de recuperação a curto, médio e longo prazo".
Em Portugal, o Grupo Saint-Gobain emprega cerca de 800 trabalhadores distribuídos por 11 empresas e oito fábricas e totaliza um volume de faturação correspondente a 180 milhões de euros.
A decisão de encerramento da atividade produtiva da empresa e o consequente despedimento coletivo dos 130 trabalhadores foi anunciada no dia 24 de agosto e desde então os trabalhadores têm-se concentrado diariamente junto à fábrica.
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