O anúncio de Rosengren foi feito depois de investimentos que ele e outros dirigentes da Fed fizeram no ano passado terem levantado questões sobre as regras éticas do banco central dos EUA.
Rosengren já tinha a intenção de sair do cargo em junho, quando atinge o limite máximo da idade permitida pela Fed para o seu exercício, os 65 anos, mas anunciou agora a sua saída na próxima quinta-feira para se focar na saúde.
Como todos os presidentes dos 12 bancos regionais da Fed, Rosengren integra o comité da instituição que define a política monetária.
Com frequência, tem defendido a subida das taxas de juro para combater a inflação.
No início de agosto, disse, em entrevista à AP, que a Fed deveria anunciar em setembro a redução do seu programa mensal de compra de 120 mil milhões de dólares em obrigações como um primeiro passo para alterar a sua política de taxas de juro baixas.
O banco central não tomou tal decisão na sua reunião da semana passada, mas seu o presidente, Jerome Powell, admitiu que o possa fazer na reunião prevista para novembro.
Rosengren trabalhou no banco da Fed em Boston durante 35 anos, dos quais 14 como presidente. Durante a pandemia, este ramo regional do banco central controlou o programa designado Main Street, que foi a primeira tentativa da Fed desde a Grande Depressão de conceder crédito diretamente a pequenas empresas. Agora, está a investigar como é que pode funcionar a emissão de moeda digital pela Fed.
"Enquanto estive a trabalhar em programas de ajuda e estímulo relacionados com a pandemia (...), dadas as longas horas de 'stress', lamentavelmente o funcionamento dos meus rins deteriorou-se", disse Rosengren, em carta a Powell. "Tornou-se claro que devo reduzir a pressão, para que me possa focar nas minhas questões de saúde", pormenorizou.
A informação fiscal de Rosengren relativa a 2020 expôs o seu envolvimento em transações bolsistas nesse ano que em a Fed reduziu a sua taxa de referência para próximo de zero e comprou centenas de milhares de milhões em obrigações para contribuir para reduzir as taxas de juro de longo prazo e estimular a economia.
Também investiu em fundos de investimento imobiliário que, por sua vez, adquiriram obrigações garantidas por crédito imobiliário do mesmo tipo que a Fed também estava a comprar.
E o presidente do Bnco da Fed em Dallas, Robert Kaplan, fez várias transações bolsistas em 2020, em montantes de vários milhões de dólares, em títulos como Apple, Google e Facebook.
Os investimentos feitos por Rosengren e Kaplan eram permitidos pelas regras da Fed, mas levantaram pelo menos a questão de parecerem estar a evidenciar um conflito de interesses, que é desencorajado pelo banco central.
Durante uma conferência de imprensa na semana passada, Powell disse que a Fed ia alterar as suas regras sobre ética e sugeriu que uma mudança provável deveria ser a de impedir os dirigentes de possuírem ativos financeiros que a Fed também esteja a comprar.
Kaplan tem 64 anos, mas não está sujeito a qualquer obrigação de saída em breve. Isto porque as regras da Fed permitem que qualquer presidente dos seus bancos nomeado depois dos 55 anos possa estar no cargo até 10 anos antes de ter de se retirar.
Kaplan foi nomeado em 2015, com a idade de 58 anos, o que significa que pode estar no cargo até 2025.
O primeiro-vice-presidente do banco da Fed em Boston, Kenneth C. Montgomery, vai ocupar a presidência interinamente. Um novo presidente vai ser escolhido pelos seis membros do conselho de diretores que não são banqueiros. Os diretores com relações com bancos estão proibidos por ei de participarem. A escolha vai ser liderada por Christina Paxson, presidente da Brown University, e o nome avançado para novo presidente vai ser sujeito à aprovação do conselho de governadores da Fed, em Washington.
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