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"Sinto vergonha de discutir o aeroporto, tenho vergonha"

O presidente da Confederação do Turismo de Portugal diz sentir "vergonha" quando se discute o assunto aeroporto, um dos que mais o preocupa -- a par da TAP --, pedindo, por isso, um "pacto de regime" de "uma vez por todas".

"Sinto vergonha de discutir o aeroporto, tenho vergonha"
Notícias ao Minuto

08:34 - 25/09/21 por Lusa

Economia CTP

Em entrevista à Lusa, Francisco Calheiros lembra que a falta de capacidade aeroportuária e uma TAP em 'espera' são grandes constrangimentos à retoma e crescimento do setor do turismo, logo da economia, e, por isso, fortes motivos de preocupação.

"Se retomar tudo em 2023, isto [aeroporto] é um dos assuntos que mais nos preocupa porque temos que pensar a médio prazo, porque existem investimentos em 'pipeline' [projeto] de novas unidades hoteleiras, etc. Que eu saiba o caderno de encargos do estudo de impacto ambiental estratégico não está feito", afirma o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP).

"Ora, o caderno de encargos não está definido. Se correr bem, o estudo demora no mínimo um ano e meio. Vamos para a hipótese mais rápida: Montijo como segundo aeroporto. Três anos e meio para construir. Todos os que estão aqui já fizeram obras em casa, pequenas obras, um mês demora três. A solução mais rápida é daqui a cinco anos. Agora vamos para 27 [2027] todos os estudos dizem que no máximo em 2024 já estamos a fazer [o mesmo número de turistas que em] 2019", quando o aeroporto em Lisboa demonstrava sinais de rutura, afirmou.

Para Francisco Calheiros, a pergunta que se impõe é, portanto, como é que a economia vai crescer sem uma nova, ou complementar, infraestrutura aeroportuária a Lisboa.

"Gostaria, de facto, de bater aqui um bocadinho nesta questão do aeroporto porque acho que o aeroporto é, de facto, o grande 'bottlekneck' [ponto de congestionamento] que temos a médio prazo e é culpa de vários governos, diria de vários regimes, porque há reuniões da Câmara Municipal de Lisboa antes de 74 para tratar do novo aeroporto de Lisboa", sublinhou.

"A única coisa que eu acho é que nos envergonha a todos. Palavra de honra, sinto vergonha de discutir o tema do aeroporto. Tenho vergonha. Se me disserem que estou há 50 anos a discutir o tema do aeroporto, tenho vergonha. E, portanto, de uma vez por todas, que haja um pacto de regime com os partidos do arco da governação, com os partidos que não sejam do arco de governação, mas que de uma vez por todas, via parlamento, via sem ser parlamento, alterando lei, não alterando a lei, decidam, de uma vez por todas. Porque um aeroporto é uma infraestrutura não só para o turismo, é uma infraestrutura determinante para o crescimento da economia portuguesa", reforçou ainda Francisco Calheiros.

O responsável lembra que quando se fala de Lisboa é preciso recordar a quantidade de pessoas que vão para regiões e ilhas, como o Alentejo, ou o Centro, através do aeroporto da capital.

"Não haja ilusões, vamos recusar muitos 'slots' [autorizações de aterragens e descolagens], muitos turistas a partir de 2024", acrescenta Francisco Calheiros.

Já sobre a solução que a CTP defende, o responsável mantém o que estava pensado: "Diria que o Montijo é, claramente, o mais rápido e o mais barato porque está lá instalado um aeroporto, há é que adaptá-lo".

"A realidade é esta: Alcochete é um aeroporto. O Montijo é já uma base aérea e Alcochete é começar do zero. Eu diria que a melhor hipótese para Alcochete é 10 anos, então a situação ainda é pior. Nós sempre defendemos o Montijo porque, de facto, é a solução mais rápida e mais barata e como não podemos projetar a 50 anos o que se passa -- aliás, estamos há 50 anos para decidir isto --, [o que é preciso é] que se faça urgente, que se parem as discussões", (...) decidam, de uma vez por todas".

À espera de uma decisão que demora está também, para Francisco Calheiros, a reestruturação da TAP.

"Estou muito preocupado porque acho que todos os portugueses estão preocupados. Nós, que estamos ligados ao turismo ainda mais preocupados estamos por variadíssimas razões. A primeira é porque não há decisão de Bruxelas e (...) cada hora que passa é uma eternidade".

Francisco Calheiros contou ainda que já esteve reunido com a nova administração da TAP, a quem deseja muito boa sorte.

"Não temos dúvida nenhuma em dizer isto, é uma opinião da Confederação e de todos os associados: a TAP é determinante para o turismo português, (...), mas de facto estamos muito preocupados com o futuro da TAP, porque somos um destino periférico, 86% dos nossos turistas vêm por via aérea e a realidade é que muitos deles vêm pela TAP e, portanto, a TAP faz a maior diferença ao turismo português", concluiu Francisco Calheiros.

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