Fabricante de facas ICEL investe em 2 anos quase 4 milhões em automação
O fabricante de facas ICEL vai investir 1,7 milhões de euros este ano, a que se somam 2,2 milhões em 2020, prosseguindo a aposta em acrescentar tecnologia e capacidade de produção, sem perder empregos, afirmou o presidente da empresa.
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Economia ICEL
Em declarações à Lusa, Nuno Radamanto, disse que "o investimento foi de 2,2 milhões de euros em 2020" e que este ano "estão calendarizados 1,7 milhões de euros" na automação, que "vão acrescentar tecnologia e capacidade de produção, sem perda de empregos", mas "sem a admissão de pessoal no mesmo volume que era necessário anteriormente".
"Tudo o que podemos automatizar e robotizar e em que se prevê que há mais constância da qualidade, nós fazemos", embora o "tipo de produto fabricado" e o "nível de qualidade no acabamento" faz com que "a mão de obra seja indispensável", acrescentou.
A empresa familiar, que já vai na terceira geração e tem uma fábrica na Benedita, distrito de Leiria, foi fundada em 1945 e, desde cedo, investiu num "crescimento estratégico e sustentado", sendo que desde 1973 começou a exportar, fazendo-o agora para 80 países.
"Tirando um tipo de facas puramente injetadas, todas as outras têm à mesma operações manuais de aperfeiçoamento e de acabamento associadas", disse o gestor.
No fundo, à medida em que a ICEL vai crescendo em dimensão na faturação, "vai ter sempre de crescer no efetivo humano", embora o equipamento que "está a vir não exija tantas pessoas como antigamente", disse o gestor da empresa com 177 trabalhadores.
Enfatizou ainda que, no curto prazo, a ICEL quer "subir mais" na cadeia de valor do que "quer crescer" em faturação.
"Temos conseguido colocar a marca ainda mais num patamar superior àquilo que era o reconhecimento que já tinha e colocar mais produto de valor do que o que colocávamos antes. E isso tem sido bem conseguido", congratulou-se.
Quanto à crise da covid-19, explicou que a ICEL acabou por "tentar fazer coisas diferentes", do que fez na crise de 2008, para enfrentar o desafio, pois já exportava.
"Era algo que para nós já era basilar. E já era o principal ponto da atividade", realçou, adiantando que a crise pandémica foi também diferente porque a ICEL está "intimamente ligada" ao setor da hotelaria e restauração, que parou.
Para a ICEL, o impacto inicial da pandemia foi "muito significativo", sobretudo no primeiro confinamento, em meados de março de 2020, e em que teve uns primeiros dois a três meses "quase assustadores".
Então, a ICEL percebeu que o consumo doméstico de facas, tanto no mercado interno como no externo, tinha de aumentar, pois as pessoas passavam mais tempo em casa e tinham de preparar a comida mais vezes do que era habitual e essa foi uma das primeiras apostas da empresa em direcionar o negócio para os clientes que vendiam ao consumidor final e não para os que vendiam à hotelaria e restauração.
"Notámos um incremento em produtos que, sendo de qualidade, não são aquilo que um profissional usa, mas que são bons para o uso doméstico, embora não suficientemente posicionados para o uso intensivo", explicou ainda o gestor, lembrando que identificaram que, quer seja na origem, nos matadouros, quer seja à chegada aos talhos individuais ou talhos de supermercado, o consumo de facas ia aumentar".
No fundo, aquilo que a ICEL teve de quebra nos produtos de hotelaria e restauração em dois meses e meio de 2020, a partir de junho desse ano começou a "recuperar rapidamente" e acabou o final desse ano por "ser superado pelo crescimento nos outros tipos de produtos", salientou o gestor.
Além disso, as dificuldades logísticas com o "crescimento exponencial" neste último ano e meio nos preços dos transportes está a fazer com que mais clientes que começaram a subcontratar na Ásia voltassem a procurar produção europeia.
Curiosamente, a "surpresa deste ano", revelou à Lusa, é que a empresa estava com um volume de negócios nos primeiros dias de agosto "superior em 40% ao observado no período homólogo de 2020".
A ICEL terminou 2020 com uma queda nas vendas de 13%, para 7,7 milhões de euros, tendo tido lucro, cujo valor o gestor não divulgou.
"É algo muito motivador" e que "não esperávamos", garantiu o gestor.
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