Absorção do valor da ciência ainda está "por conquistar"
O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, afirmou hoje que a absorção pelo tecido económico, empresarial e social do valor da ciência e da atividade dos cientistas ainda está por "conquistar e consolidar" em Portugal.
© Global Imagens
Economia Augusto Santos Silva
"O José Mariano Gago dizia-nos sempre que, em primeiro lugar, era preciso socializar a ciência no sentido em que era preciso constituir um movimento social em favor da ciência. Creio que isso hoje está adquirido. Falta adquirir a outra parte", afirmou Augusto Santos Silva.
O ministro, que falava na primeira de uma série de conferências a realizar em centros Ciência Viva subordinada ao tema "A ciência e a cultura científica no futuro da Europa", salientou que a socialização da ciência passa também pela absorção do tecido económico, empresarial e social do valor da mesma e dos seus profissionais, algo que ainda está "por conquistar".
"O lado da inovação ainda está por consolidar em Portugal", salientou, acrescentando que ao longo da preparação de matérias e dossiês durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia "a ciência estava praticamente sempre implícita", dando como exemplo a preparação da lei do clima e o "pacote de preparação" para a adaptação às alterações climáticas.
Augusto Santos Silva destacou ainda o papel da ciência da pandemia da covid-19 e na discussão do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Também presente na sessão, o ministro do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia, Manuel Heitor, afirmou que o PRR será fundamental para aproximar a ciência das empresas e da criação de emprego.
"Hoje Portugal já tem mais de despesa em I&D [Investigação e Desenvolvimento] feita pelas empresas, temos 40% dos investigadores nas empresas, mas não chega. É preciso continuar no trajeto dos últimos anos e acelerar mais", salientou, acrescentando que o objetivo é chegar a 2030 com "cinco vezes mais adultos a formarem-se nas empresas".
Durante a sessão de lançamento da iniciativa, o ministro do Ensino Superior atribuiu a medalha de mérito científico a Artur Santos Silva, Luis Portela e Manuel Sobrinho Simões, que participaram na sessão projetando algumas das que são as suas preocupações para o futuro da ciência na Europa.
Para Artur Santos Silva, curador da Fundação 'La Caixa' e presidente honorário do BPI, a Europa precisa de fazer uma "aposta séria e não só fixar objetivos como acompanhar a sua execução".
"Não é só olhar o défice, a dívida e os indicadores financeiros. Temos de acompanhar os compromissos e objetivos com o ensino superior e a investigação", disse, apelando para que o país continue "na sua rota".
Também Luis Portela, antigo acionista maioritário e presidente durante os últimos 42 anos da Bial, defendeu a necessidade de as empresas investirem na inovação, mas lembrou que para tal é necessário "conquistá-las" para que o intercâmbio entre universidades e o tecido empresarial se desenvolva.
"Se se quiser fazer isso, vamos poder criar riqueza suficiente para alimentar a ciência e dar condições para as futuras gerações. Se não conseguirmos fazer isso, fico muito preocupado", salientou, acrescentando que os governantes têm de "focar a sua atenção" nesta matéria.
Já Manuel Sobrinho Simões, médico e investigador, afirmou que o "valor das pessoas, da aprendizagem, do ensino e da formação de base é o valor institucional", defendendo a transformação das atividades desta forma.
"Ando aflito com o país. O cancro vamos resolver, é um problema fácil de resolver, o que é difícil é a mente, são as pessoas e as sociedades. O desafio para mim é como é que vamos resolver o problema dos comportamentos das pessoas em relação a situações inflamatórias", disse.
Esta série de conferências, que se realizam entre julho e novembro nos centros Ciência Viva do Porto, Coimbra, Bragança, Faro e Lisboa, visam apresentar e discutir as principais conclusões aprovadas durante a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia na área da ciência, inovação e ensino superior.
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