Poupança "acumulada será importante" na recuperação económica
O governador do Banco de Portugal considerou hoje, no parlamento, que a poupança acumulada pelos particulares e empresas em depósitos será uma importante almofada na recuperação da economia.
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Economia Mário Centeno
Segundo Mário Centeno, entre maio de 2019 e maio de 2021 os depósitos de particulares acumularam mais 19,8 mil milhões de euros, enquanto nas empresas o aumento foi de 15 mil milhões de euros.
"Esta é uma almofada muito importante. A riqueza acumulada na forma de depósitos ao longo de ano e meio vai ter de ser tomada em conta na recuperação", afirmou, em audição na comissão de orçamento e finanças.
Ainda de acordo com o ex-ministro das Finanças (de Governos PS, entre 2015 e 2020), o aumento "muito expressivo dos depósitos nesta crise contrasta largamente com o que se observou nas últimas duas crises financeiras", quer na crise da dívida soberana quer na crise financeira mundial.
"Quer na crise de 20012-2013 quer na crise de 2008-2009 os depósitos das empresas caíram e os depósitos de particulares aumentaram muito menos", explicou.
Já em 16 de junho, o governador do Banco de Portugal tinha considerado que a poupança acumulada é "uma almofada financeira de crescimento se e quando as decisões das famílias face a esta poupança se puderem traduzir em aumentos de consumo".
"Se as decisões sobre a utilização dessa riqueza acumulada forem distintas daquele que é o destino que todos os anos os portugueses dão à sua riqueza e, portanto, se houver uma propensão para consumir mais elevada desta forma de riqueza do que a habitual, temos de facto um risco em alta para a atividade económica vindo desta forma de riqueza adicional", disse então Centeno.
Contudo, o BdP não teve em conta esta "almofada" de riqueza acumulada na revisão em alta das previsões de crescimento da economia portuguesa, mas considerou como um risco ascendente para a economia caso venha a traduzir-se em mais consumo.
Para 2021, o BdP espera uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,8% (mais 0,9 pontos percentuais do que o esperado em março), estimando crescimentos de 5,6% (mais 0,4 pontos percentuais) em 2022 e de 2,4% em 2023.
O supervisor do setor bancário espera também que a economia recupere o nível de 2019 na primeira metade de 2022.
O aumento da poupança nesta crise pandémica tem sido comum a famílias da zona euro, Reino Unido, Estados Unidos, China e Japão, com os economistas a considerarem que essas poupanças ajudarão à recuperação da economia mundial à medida que a situação sanitária melhorar.
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