BCE analisa amanhã ritmo de compra de dívida e subida da inflação
O Banco Central Europeu (BCE) deve decidir na quinta-feira sobre o ritmo de compras de dívida da zona euro no terceiro trimestre, depois da subida da inflação e dos juros da dívida soberana.
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Economia BCE
Durante o segundo trimestre, o BCE tem adquirido obrigações a um ritmo significativamente mais elevado do que nos primeiros meses do ano, para evitar a subida das taxas de juro na zona euro, como consequência do aumento registado nos Estados Unidos.
Apesar do aumento da inflação em maio para 2%, a meta defendida pelo BCE, a maior parte dos analistas afasta a possibilidade de alterações importantes na política monetária, uma vez que a instituição pretende garantir condições de financiamento favoráveis.
A Comissão Europeia vai começar em breve a emitir dívida para financiar o fundo de recuperação e o dinheiro pode começar a chegar em julho, o que reduzirá a carga do BCE, mas é pouco provável que haja uma redução significativa do ritmo de compra de dívida antes de uma melhoria da economia, uma vez que os riscos se mantêm elevados.
O BCE comprou em maio dívida de emergência para enfrentar os efeitos causados pela pandemia no valor de 80.700 milhões de euros e já comprou até agora ativos no valor de 1,1 biliões de euros, no âmbito do programa lançado há pouco mais de um ano para travar a crise.
O Conselho de Governadores decidiu comprar dívida no valor de 1,85 biliões de euros até ao final de março de 2022.
O gestor de carteira do Pimco, Konstantin Veit, disse, citado pela agência Efe, que atualmente o BCE compra títulos no valor de 80.000 milhões de euros por mês no programa de emergência devido à pandemia e 20.000 milhões de euros por mês com outros programas regulares de aquisição de ativos.
"Esperamos que esta postura se mantenha em linhas gerais no próximo trimestre", afirmou Veit.
O BCE também deverá divulgar novas projeções macroeconómicas, podendo rever os números do crescimento para 2021 e 2022. Quanto à inflação é provável que aumente as previsões para este ano, mas mantenha as dos anos seguintes.
Franck Dixmier, da Allianz Global Investors, considerou, numa nota enviada à Lusa, que o BCE deve manter um ritmo elevado de compras de títulos pelo menos nos próximos três meses e destacou também o interesse dos investidores na análise que será feita sobre o recente aumento da inflação.
"Impulsionadas por um aumento anual de 13,1% nos preços da energia, as estimativas provisórias sugerem que os preços na zona euro aumentaram 2% em maio, atingindo a meta do BCE pela primeira vez desde 2018", sublinhou, acrescentando que nas previsões divulgadas em março, a inflação só deveria atingir tal nível no quarto trimestre deste ano.
Na opinião deste analista, Christine Lagarde, presidente do BCE, deve sublinhar, "uma vez mais, a natureza temporária do recente aumento" já que "foi impulsionado principalmente pela recuperação nos preços da energia".
Por sua vez, o economista-chefe da AXA Investment Managers, Gilles Möec, acredita que o BCE "deve ser especialmente cauteloso com as suas palavras", porque os investidores vão estar atentos a quaisquer mudanças de redação nas decisões que vão sair da reunião de quinta-feira.
"O otimismo com a reabertura da economia europeia deve moderar-se, pelo menos até que terminem de ser analisados os últimos acontecimentos relacionados com a pandemia no Reino Unido", defendeu.
Para a analista da Monex Europe Olivia Álvarez, o BCE deve reforçar "a sua mensagem de ampla acomodação monetária apesar de um panorama económico mais favorável, ao mesmo tempo que destaca os riscos negativos ainda latentes".
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