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Institucionalização de fact checkers é um problema para sua credibilidade

Um estudo da União Europeia sobre Desinformação e Propaganda mostra que a institucionalização da indústria de verificação de factos e o seu financiamento governamental podem ser vistos como problemáticos, porque comprometem a confiança e a credibilidade destes grupos.

Institucionalização de fact checkers é um problema para sua credibilidade
Notícias ao Minuto

13:56 - 21/05/21 por Lusa

Economia Relatório

O relatório realizado entre 2019 e 2021 analisou o impacto da desinformação nas eleições para o Parlamento Europeu em maio de 2019 e nos 22 sufrágios que ocorreram nos Estados-membros durante esse período temporal.

Na apresentação do estudo, a investigadora Judit Bayer referiu que as campanhas de verificação de factos não são totalmente eficazes porque não conseguem convencer aqueles que acreditam na desinformação.

Mas há mais razões para a verificação de factos não chegar aos que consomem desinformação: A mudança acelerada do consumo de notícias para formas mais privadas de discussão, através de mensagens Wathsapp ou Telegram, bem como em grupos privados do Facebook, tornou os diálogos incontroláveis e incapazes de serem investigados, o que na perspetiva de quem combate a desinformação é preocupante, já que não são meios de comunicação verificáveis.

A verificação dos factos constitui, na prática, uma grande parte do trabalho dos jornalistas e é assim um dos métodos mais salientes para combater a desinformação, admitem os investigadores.

As ferramentas utilizadas pelos verificadores de factos surgiram como método para combater a desinformação política, porque a política e os políticos continuam a ser o foco de muitas organizações, no entanto este trabalho tem sido perturbado pela pandemia da covid-19, adianta o estudo.

A "infodemia", uma vaga gigantesca de desinformação relacionada com a pandemia, motivou a maioria dos verificadores de factos a dedicarem-se a este tipo de alegações.

As organizações de verificação de factos têm objetivos louváveis, apontam os investigadores, que realçam o facto de promoverem o debate público ou "reforçarem o diálogo democrático", mas, sublinham, "há uma série de problemas inerentes à verificação, entre eles a credibilidade dos próprios verificadores de factos".

A credibilidade é o que distingue os verificadores de factos de apenas mais uma voz no panorama da informação, nas sociedades polarizadas onde a independência e a fiabilidade dos verificadores de factos são frequentemente questionadas, segundo os investigadores.

Os verificadores de factos que operam unicamente 'online' também fazem parte de um sistema abalado pela descrença na informação, porque as pessoas sentem ceticismo em relação a qualquer conteúdo 'online'.

Um dos aspetos assinalados no estudo prende-se com o financiamento dos verificadores de factos. Muitos decidiram tornar os dados sobre as suas contas totalmente transparentes para contornar as dúvidas, enquanto outros 'fact-checkers' que se associaram às plataformas, como forma de financiamento, são vistos com algum ceticismo.

Vários estudos acerca da eficácia da verificação de factos mostram que a audiência que atingiram não era a que mais precisava de ter acesso a este tipo de informação verificada, porque já era esclarecida e não estava inclinada a acreditar na desinformação.

Uma experiência sobre o efeito da verificação de factos do então candidato presidencial dos EUA Donald Trump mostrou que o 'fact-checking' reduziu as perceções erradas dos factos mas a verdade é que não tiveram efeito mensurável nas atitudes em relação ao próprio Trump.

Ou seja, concluem os investigadores, quanto mais próximo da vida real das pessoas se analisa, e não com base em circunstâncias experimentais, "menor é o efeito que a verificação de factos parece ter."

Leia Também: Bundesbank prevê recuperação da economia alemã no 2.º trimestre

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