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Câmara de Energia Africana "dececionada" com 'força maior' da Total

A Câmara Africana de Energia mostrou-se hoje "dececionada" com a decisão da petrolífera Total de declarar 'força maior' no projeto de exploração de gás em Moçambique para suspender as operações até que a segurança seja resposta.

Câmara de Energia Africana "dececionada" com 'força maior' da Total
Notícias ao Minuto

18:10 - 26/04/21 por Lusa

Economia Moçambique

"Estamos dececionados com a recente decisão da Total de declarar força maior no seu projeto de GNL em Moçambique; acreditamos que a declaração de força maior poderia ter sido evitada e vem prematuramente", lê-se numa nota enviada à Lusa.

A consultora, que age como promotora de investimentos energéticos em África, afirma que as partes envolvidas devem "ter uma conversa melhor e mais aberta para encontrar uma solução prática e pragmática de bom senso para cessar o evento de força maior e retomar o projeto, em benefício não só da Total, mas também de empresas internacionais e locais, e especialmente para o povo de Moçambique".

Reconhecendo que a declaração da Total tem por base "um instrumento legal à sua disposição para alcançar os seus objetivos e compromissos com os seus credores e o governo", a CEA acrescenta que a petrolífera "não é apenas uma empresa internacional, é também uma empresa africana, pois é um dos seus investidores e empregadores mais proeminentes".

Para o presidente da CEA, NJ Ayuk, citado no comunicado, "Moçambique continua a ser uma das opções mais atrativas para a produção de gás no mundo devido à sua neutralidade em carbono, representando uma solução viável para as alterações climáticas".

Na nota, a CEA salienta que "Moçambique pode ter alguns problemas de segurança importantes no momento" mas, acrescenta, "não está entre os principais países mais afetados pelo terrorismo, de acordo com o Índice de Terrorismo Global 2020".

A Câmara elenca Nigéria, Paquistão, Iraque, Índia e Líbia, "onde a Total continua a operar" e vinca que espera "que a Total assuma em Moçambique a mesma postura que tem feito nestes países mais afetados pelo terrorismo e, juntamente com o governo e outras partes envolvidas, encontre uma solução para continuar com segurança o seu Projeto de GNL".

A nota da Câmara surge no mesmo dia em que a petrolífera francesa Total declarou 'força maior' para a retirada de todo o pessoal que estava a trabalhar no projeto de exploração de gás natural, na península de Afungi, no norte de Moçambique, e no qual assentam grandes esperanças relativamente ao financiamento do desenvolvimento económico do país.

A petrolífera já tinha afirmado esta manhã à Lusa que "no ambiente atual, a Total não pode continuar a operar na província de Cabo Delgado de maneira segura e eficiente, por isso todo o pessoal do projeto foi retirado do local e não voltará até que as condições o permitam".

A empresa "continua comprometida com Moçambique e com o desenvolvimento do projeto da Área 1 quando as condições o permitirem, e continuará a acompanhar a evolução da situação com grande atenção, em estreito contacto com as autoridades", disse a porta-voz da empresa, Anastasia Zhivulina, quando questionada sobre se a declaração de "força maior" implica a suspensão ou o cancelamento do projeto.

Anastasia Zhivulina referiu que "a 'força maior' foi declarada porque a Total é incapaz de cumprir as suas obrigações em resultado da severa deterioração da situação de segurança em Cabo Delgado, um assunto que está completamente fora do controlo da Total".

Avaliado em 20 mil milhões de euros, trata-se do maior investimento privado em curso em África.

Uma semana depois do ataque de 24 de março contra a sede de distrito de Palma, a petrolífera retirou todo o pessoal e abandonou por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás na península de Afungi, seis quilómetros a sul da vila.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado, província no norte de Moçambique, desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás, com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

Leia Também: Moçambique/Ataques: Deslocados aumentam e chegam quase a 700.000

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