Digitalização trouxe outros mercados a empresa de pedra de Alcobaça
A transformação digital na Solancis, uma empresa da indústria da pedra sediada em Alcobaça, trouxe mais eficiência e a capacidade de chegar a outros mercados, sem que isso viesse reduzir postos de trabalho.
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Economia Digitalização
A empresa, com sede em Benedita, no concelho de Alcobaça, existe desde 1969 e registou em 2020 dez milhões de euros em volume de negócios, 95% dos quais para exportação, sendo possível encontrar a pedra transformada pela Solancis nas escadarias do museu Louvre, em Paris, em casas particulares em Inglaterra, numa capela de São Petersburgo, na Rússia, ou num hospital polaco.
A aposta na tecnologia e na digitalização de processos surgiu de uma necessidade do próprio mercado, disse à agência Lusa o presidente da empresa, Samuel Delgado.
"Tínhamos a necessidade de fazer cortes no meio da chapa [da pedra] para apanhar a parte melhor da pedra. Foi uma exigência de um dos clientes, que fornecíamos para o mundo inteiro, que era a rede de lojas Hermès. Fomos à procura de uma solução e fizemos um projeto em que desenvolvemos um equipamento com câmara de vídeo que digitaliza as pedras. Conseguimos mostrar os defeitos na pedra e depois cortá-la onde queríamos. Essa foi a grande revolução de início", contou.
O pedido de projetos pela Hermès surgiu em 2002 e a tecnologia foi criada em 2004. Em 2014, a empresa voltou a investir na digitalização e passou a desenhar tudo em 3D, integrando todo o processo de fabrico a partir do desenho.
"Dantes havia um programa por máquina. Hoje estão automatizados. Quando chegam as peças têm logo o programa de maquinação e restantes. [..] Até aí não tínhamos. Conseguimos organizar todo esse processo até fornecer o material na obra, ao cliente", realçou.
No departamento técnico, prepara-se uma encomenda que vai para um edifício na Praça Vermelha, em Moscovo.
Com o sistema integrado, a partir do computador, a empresa verifica a encomenda e confirma se não há erros, e acompanha todo o processo até as pedras chegarem à obra, desde a produção às paletes onde as pedras vão armazenadas, até à sua disposição nos contentores ou camiões, permitindo rentabilizar todo o espaço.
Todos os postos de trabalho e equipamentos de execução comunicam a uma plataforma comum e alguns comunicam em tempo real entre eles o estado das encomendas.
Na Solancis, esta aposta na automação e num sistema digital que integra todas as fases de produção não foi sinónimo de uma redução de postos de trabalho.
"Pelo contrário. Os postos de trabalho vieram sempre a aumentar. Em 2014, tínhamos cerca de 85 pessoas, hoje temos 135", vincou Samuel Delgado.
Os ganhos com esta aposta são sobretudo na eficiência dos processos e na antecipação de erros que agora são evitados.
Para além disso, a empresa conseguiu também "chegar a um mercado médio, médio-alto".
"Sem isto, não conseguíamos chegar lá. Conseguimos fazer reuniões técnicas e de negócio via digital e podemos mostrar como produzimos e como fazemos a seleção do material até ao final. Com esta tecnologia toda integrada, é uma mais valia para vender, porque o cliente, quando vê esta situação toda, ganha confiança", realçou.
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) prevê um investimento de 650 milhões de euros na área da transição digital e capacitação digital para as empresas.
A transição digital foi definida como uma das linhas de ação da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), que se propõe dar prioridade às iniciativas que contribuam para acelerar esta transição enquanto motor da recuperação económica e promover a liderança europeia na inovação e economia digitais.
O programa da presidência aponta nomeadamente o desenvolvimento de competências digitais com vista à adaptação dos trabalhadores aos novos processos produtivos, a transformação digital das empresas e das plataformas digitais, a promoção da saúde e prevenção da doença e a educação e formação ao longo da vida.
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