"Todos falam na renovação e modernização da Administração Pública, da digitalização dos seus serviços, mas é preciso que isso tenha consequências práticas nos salários, nas carreiras e na avaliação dos trabalhadores e que tudo seja negociado com os sindicatos do setor", disse à agência Lusa o secretário geral da FESAP, José Abraão.
A FESAP emitiu hoje uma nota de imprensa relativa à análise feita ao PRR apresentado pelo Governo, no que à Administração Pública diz respeito.
"A FESAP valoriza o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), apresentado em fevereiro pelo Governo. Mas apesar de alguns princípios e objetivos estarem em linha com o que é defendido pela Federação, peca por falta de profundidade e ambição, não apresentando uma política estratégica e plurianual para os recursos humanos da Administração Pública no que diz respeito aos salários, às carreiras, ao sistema de avaliação e ao combate ao emprego precário", afirmou a federação no comunicado.
Para a estrutura sindical da UGT será "um erro enveredar por qualquer plano que não passe pelo investimento naquelas questões fundamentais para os trabalhadores".
"É necessário que o Governo passe das palavras aos atos e, ao invés de multiplicar os anúncios de medidas de grande relevo para a vida dos trabalhadores através da comunicação social, gerando expectativas e instabilidade, convoque as organizações sindicais para a mesa das negociações, algo que (...) ainda não aconteceu", considerou.
Segundo a FESAP, não é suficiente investir na transição digital e na qualificação dos trabalhadores para aumentar a qualidade dos serviços prestados e a motivação dos trabalhadores.
"O PRR continua a não eleger como prioridade o abandono de uma política de rendimentos assente nos baixos salários, nivelados por baixo, e que, paulatinamente destrói e empobrece a classe média em geral e, muito em particular, a maioria dos trabalhadores da Administração Pública, não se verificando assim, uma vontade clara do Governo em combater a pobreza e as desigualdades", criticou a federação.