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Moradores de Arouca reclamam Internet para aulas online e teletrabalho

Moradores de Arouca reclamam Internet para zonas onde há adultos a trabalhar no carro e estudantes a seguir aulas 'online' em escritórios e oficinas, revelou hoje o porta-voz de 270 entre os 1.000 habitantes da freguesia de Moldes.

Moradores de Arouca reclamam Internet para aulas online e teletrabalho
Notícias ao Minuto

12:38 - 02/03/21 por Lusa

Economia Arouca

O problema foi abordado numa petição assinada por 210 cidadãos insatisfeitos com o acesso a comunicações rápidas nessa freguesia do distrito de Aveiro, onde cerca de 25% da população só dispõe de ligação à Internet via ADSL - uma tecnologia de transmissão de dados que é mais lenta do que a disponível por satélite ou fibra ótica e que, por isso, dificulta o acompanhamento de aulas à distância, a participação em reuniões por videoconferência e o cumprimento de outras exigências de trabalho remoto impostas pela atual situação pandémica.

A presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, confirma a situação, reconhecendo que "a pandemia deixou a descoberto muitas das fragilidades que, pese embora toda a evolução verificada, ainda persistem no território", como acontece com "a reduzida ou inexistente cobertura móvel ou por fibra ótica de algumas áreas do concelho".

O porta-voz dos cidadãos em causa é Fernando Martins Correia, que diz ser um dos profissionais que recorre ao carro como escritório.

"A ligação 3G ou 4G em certos lugares é muito deficiente e, em alguns, nem sequer existe. Em muitas zonas não há sequer cobertura GSM [Sistema Global para Comunicações Móveis] ou TDT [Televisão digital terrestre]. As pessoas que ali habitam estão completamente isoladas de qualquer meio de comunicação digital", revela à Lusa.

Bolseiro de Doutoramento da Fundação Para a Ciência e a Tecnologia, investigador do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território e colaborador no Departamento de Geografia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, o mesmo responsável garante assim que os moradores de localidades como Adaúfe, Bustelo, Cavadas, Chão de Espinho, Espinheiro, Espinho, Friães, Fuste, Granja, Pedrogão e Prechã "não usufruem das mínimas condições que lhes permitam desempenhar atividades de teletrabalho e telescola".

Daí resulta que os estudantes e profissionais da zona estejam a recorrer a soluções que prejudicam a sua concentração. "Há crianças que se têm de deslocar para escritórios de empresas para poderem ter aulas à distância. Existem ainda aqueles que se têm de deslocar para casa de amigos ou familiares para trabalharem ou terem aulas. Outros têm que usar o seu próprio carro como 'escritório ambulante' - param-no em locais estratégicos para apanhar cobertura 4G ou encostam-se às instalações da Junta de Freguesia para poderem aceder à internet", diz Fernando Martins Correia.

O documento que serve de base à petição - já remetida a órgãos como a Presidência da República, o Governo, ministérios da Educação e do Trabalho e a Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) - refere: "A ligação à ADSL, que mantém a velocidade de há mais de 15 anos, não é nada consentânea com teletrabalho, vídeo reuniões e emissão/receção de conteúdos que exigem uma largura de banda superior à existente".

O abaixo-assinado realça que há edifícios "servidos por fibra ótica a distâncias inferiores a 1.000 metros", pelo que lamenta a inoperância de distribuidores e autarquia em alargar essa cobertura. "A Altice Portugal SA, única operadora a fornecer o serviço de Internet fixa nestas localidades, embora contactada diversas vezes, sempre ignorou os pedidos e reclamações. A Câmara Municipal de Arouca, conhecedora da situação, não tem dado um seguimento capaz", lê-se no documento.

Fernando Jorge Martins nota que situações destas desmotivam a fixação dos jovens na referida freguesia, que diz atualmente reduzida a "menos de 1.000 habitantes", e defende que a distribuição de computadores e 'pens' de banda larga vem esquecendo o essencial. "É de louvar, (...) mas, se não há cobertura de rede e em muitos locais as infraestruturas de acesso à internet são deficientes, não se está a fazer um investimento de forma inversa, investindo em equipamentos antes de providenciar os alicerces que permitem a sua utilização?", questiona.

Contactada pela Lusa, a presidente da Câmara de Arouca nota que "o município não detém competência nesta matéria" e salienta que a própria ANACOM, quando abordada pela autarquia, "referiu que estão a ser cumpridos todos os requisitos decorrentes das atribuições de licenças aos operadores e lembrou ainda que esses não estão obrigados a garantir a cobertura total do território e da população nacional".

Margarida Belém deposita agora as suas expectativas na reforma anunciada pelo Governo: "Estamos a procurar que no Plano de Recuperação e Resiliência, que tem a transição digital como um dos enfoques, seja incluído um plano de aldeias acessíveis que possibilite a cobertura das mesmas".

Mesmo considerando que "mais de 50%" dos cerca de 23.000 habitantes dos 329 quilómetros quadrados de Arouca estão servidos por comunicação de alta velocidade, o que denota que "estão a ser cumpridos os termos do contrato celebrado entre o Estado Português e a DST Telecom", a presidente da Câmara acrescenta: "No âmbito do concurso público para instalação, gestão, exploração e manutenção das redes de comunicações eletrónicas de alta velocidade nas zonas rurais do Norte ganho pela DST Telecom, o Município está a encetar todos os esforços para que o mesmo seja o mais abrangente possível em termos de cobertura do território".

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.531.448 mortos no mundo, resultantes de mais de 114 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.351 pessoas dos 804.956 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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