Os advogados do banco, que tem uma relação antiga com Donald Trump, renunciaram ao seu direito de enfrentar as acusações de conspiração, durante uma teleconferência, realizada na sexta-feira, com um juiz federal em Nova Iorque.
Pela documentação do tribunal, o Deutsche Bank corrompeu intermediários para conseguir negócios na Arábia Saudita entre 2009 e 2016.
Uma vez, em 2012, o banco pagou 1.087.538 dólares e "registou-os nos seus livros, registos e contabilidade de forma falsa".
Outros intermediários exigiram financiamentos para comprarem um iate e uma casa em França, como compensação, detalhou-se na informação judicial.
A penalização do Deutsche Bank inclui uma multa por crime de 85.186.206 dólares e um pagamento de 43.329.622 à entidade reguladora da bolsa (SEC, na sigla em Inglês), adiantaram os procuradores nova-iorquinos.
Um porta-voz do Deutsche Bank, Dan Hunter, declinou fazer qualquer comentário. Contudo, disse que o acordo com a acusação mostra que o banco está a assumir responsabilidades pelas suas ações e que a sua cooperação com as autoridades federais "reflete a transparência e determinação (do banco) de colocar esses assuntos firmemente no passado".
A resolução do processo ocorre nos últimos dias do governo de Donald Trump, que tem uma antiga relação de negócios com o banco, a qual tem estado sob escrutínio desde há anos.
O Deutsche Bank, um dos poucos bancos dispostos a emprestar a Trump depois de uma série de falências empresariais, que começaram no início dos anos 1990, foi central nas investigações dirigidas pelo procurador do Distrito de Manhattan, Cyrus R. Vance, e pela procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James.
Estas investigações são consideradas uma potencial ameaça legal para Trump, depois de sair da Casa Branca este mês.
Vance e James, ambos Democratas, têm intimado o banco a entregar documentação relacionados com Trump. Este tem dito que a investigação é politicamente motivada.
Nas há indicação de que o esquema de corrupção com a Arábia Saudita esteja relacionado com os negócios de Trump com o banco.
Em processos anteriores, este banco alemão, sedeado em Frankfurt, já pagou à SEC uma multa de 16 milhões de dólares no seguimento de acusações de corrupção em negócios na Federação Russa e na China.
O Deutsche também já pagou ao Estado de Nova Iorque 150 milhões de dólares no seguimento de acusações de ter violado obrigações legais em negócios que envolveram o agressor sexual Jeffrey Epstein. Este rico financeiro suicidou-se em Agosto último, em uma prisão federal em Manhattan, enquanto aguardava julgamento, acusado de tráfico sexual.
Há ainda notícias do ano passado que indicam que o Deutsche deu prendas caras a dirigentes chineses de topo e outros para se estabelecer como um dos principais operadores financeiros na China.
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