Fitch mantém 'rating' de Portugal em BBB e perspetiva estável
A agência de notação financeira Fitch manteve hoje o 'rating' da dívida de longo prazo de Portugal em BBB, nível de investimento, e com perspetiva estável, alertando para os níveis de dívida pública.
© Reuters
Economia Fitch
"O 'rating' de Portugal equilibra as suas forças institucionais, fortes indicadores de governança e rendimentos 'per capita' acima dos pares com classificação BBB, contra os seus altos níveis de dívida pública e baixo crescimento potencial a médio prazo", pode ler-se na nota da agência hoje divulgada.
A Fitch afirma ainda que a perspetiva estável reflete a convicção da agência de que, "depois do aumento agudo deste ano, a dívida pública vai voltar a uma trajetória descendente com o tempo", uma crença "baseada parcialmente no registo de uma política orçamental prudente antes da covid-19".
"Esperamos que a economia portuguesa contraia 8,8% em 2020, antes de uma leve recuperação económica de 4,8% em 2021 e 2,4% em 2022", revela a Fitch, numa previsão pior que a do Governo português para este ano (queda de 8,5% do Produto Interno Bruto, PIB).
A Fitch assinala que a "pequena e aberta" economia portuguesa, com uma "grande dependência do turismo", de 7,1% do PIB - a terceira maior da União Europeia - leva a avaliação da agência de 'rating' a ser vulnerável aos "riscos descendentes para a indústria global de viagens e aos desenvolvimentos nos parceiros comerciais chave".
"Entretanto, a escala e a duração das novas restrições nacionais recentemente impostas (um confinamento para lojas não essenciais de retalho e restaurantes) é incerta, e depende da evolução da pandemia", refere a Fitch na nota hoje conhecida.
A agência refere ainda que o 'lay-off' simplificado implementado entre abril e julho, e os incentivos à normalização da atividade económica através de moratórias fiscais, subvenções e linhas de crédito garantidas pelo Estado "ajudaram a mitigar as quebras de liquidez das empresas e o aumento da taxa de desemprego", apesar de as tendências no mercado de trabalho permanecerem "fracas".
"A pandemia levou a um aumento da população inativa, liderada por trabalhadores temporários que abandonaram a força de trabalho", prevendo a Fitch que, com a reintegração destes trabalhadores como consequência da recuperação económica, se possa evitar uma maior descida do desemprego, cuja taxa a agência prevê que fique nos 8,1% em 2020 e 2021, comparativamente com os 6,5% de 2019.
A Fitch prevê ainda um défice das contas públicas nacionais de 8,3% em 2020, um ponto percentual acima das previsões do Governo (saldo orçamental de -7,3%), e uma dívida pública a alcançar os 136,2% do PIB este ano, também acima das previsões do Governo (134,8%).
"O aumento do défice orçamental inclui despesas diretas relacionadas com a pandemia de 3,0% do PIB, consistindo largamente de subsídios e transferências sociais, e também o apoio de capital para o Novo Banco (0,5% do PIB)", refere a Fitch, que espera um desagravamento do défice para 5,5% do PIB em 2021.
Relativamente à dívida, a agência de 'rating' norte-americana refere que os seus riscos "são mitigados pelos baixos custos dos juros e uma maturidade média da dívida de 7,6 anos (no final de setembro)", beneficiando também Portugal dos programas de compra de ativos do Banco Central Europeu (BCE).
Já sobre o setor bancário, a agência refere que o apoio governamental e europeu manterá a qualidade dos ativos no curto prazo, mas "fraquezas estruturais (como um mercado altamente competitivo e baixas margens de lucro) significam que o setor permanece uma fraqueza para o 'rating' do soberano".
"O impacto das moratórias é uma incerteza a médio e longo prazo para o setor", considera a Fitch, que espera uma "deterioração severa da qualidade dos ativos em 2021".
Esta foi a última avaliação programada das principais agências de 'rating' para Portugal em 2020, com todas a manterem Portugal em nível de investimento (acima de especulativo).
Em setembro, a DBRS Morningstar manteve a classificação portuguesa em BBB (alto) com perspetiva estável, e a Standard and Poor's manteve também a dívida pública portuguesa em BBB e perspetiva estável.
Em julho, a Moody's não se pronunciou sobre o 'rating' e perspetiva de Portugal, mantendo a classificação de Baa3, acima do 'lixo', para a dívida de longo prazo e a perspetiva positiva, feita em 2019.
O 'rating' é uma classificação atribuída pelas agências de notação financeira que avalia o risco de crédito (capacidade de pagar a dívida) de um emissor, que pode ser um país ou uma empresa.
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