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Segunda vaga da Covid-19 esfria esperança de Bruxelas numa retoma rápida

Bruxelas reviu em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro em 2021 face ao ressurgimento da covid-19, estimando que a maioria dos Estados-membros só recuperem da crise dentro de dois ou mais anos.

Segunda vaga da Covid-19 esfria esperança de Bruxelas numa retoma rápida
Notícias ao Minuto

07:28 - 06/11/20 por Lusa

Economia Bruxelas

Nas suas previsões económicas de outono, publicadas na quinta-feira, numa altura em que boa parte da Europa voltou a introduzir fortes medidas restritivas devido à segunda vaga da covid-19, o executivo comunitário até desagrava ligeiramente a previsão da contração económica este ano, mas estima que quase metade dos Estados-membros não voltem aos níveis de Produto Interno Bruto (PIB) registados antes da pandemia até final de 2022, admitindo que a retoma em países particularmente dependentes do turismo, como Portugal, demore ainda mais.

A segunda vaga da pandemia e as medidas restritivas associadas levam a Comissão a rever em baixa o ritmo de retoma da economia da zona euro, estimando agora que só recupere 4,2% em 2021 e 3% em 2022, após uma contração de 7,8% este ano.

Bruxelas até melhora ligeiramente as projeções macroeconómicas para este ano, pois no verão antecipava um recuo do Produto Interno Bruto (PIB) no espaço da moeda única na ordem dos 8,7%, o mesmo sucedendo para o conjunto dos 27 Estados-membros, com Bruxelas a desagravar em nove décimas a previsão de contração de julho passado, antecipando agora um recuo de 7,4% este ano, contra 8,3% no verão.

No entanto, a revisão em baixa do ritmo de retoma no próximo ano, face ao agravamento da situação epidemiológica na Europa, é mais significativa, com Bruxelas a 'retirar' quase dois pontos à projeção do verão para o crescimento do PIB na zona euro em 2021, passando de 6,1% para 4,2%, e a agravar também a perspetiva de recuperação no conjunto da União, antecipando agora um crescimento económico dos 27 de apenas 4,1% no próximo ano, quando em julho projetava uma subida de 5,8%.

Bruxelas estima que o retoma prossiga em 2022 com um crescimento económico de 3% tanto na zona euro como na UE, assumindo que tal significa que nem dentro de dois anos a economia vai voltar aos níveis registados antes da pandemia da Covid-19, quer no espaço da moeda única, quer no conjunto dos 27 Estados-membros.

Relativamente às principais economias da zona euro, a projeção segue a mesma linha, com a Comissão a rever em ligeira alta o crescimento do PIB na Alemanha e em França este ano, mas uma retoma mais lenta do que o antecipado no verão nos próximos dois anos, levando a que também estes dois 'pesos pesados' só regressem aos índices de crescimento pré-pandemia em 2023.

Para a Alemanha, a maior economia da zona euro, Bruxelas estima que a contração atinja este ano os 5,6%, o que continua a ser "uma recessão histórica", mas menor do que aquela antecipada em julho (-6,3%). No entanto, revê em baixa a retoma, projetando agora um crescimento do PIB de apenas 3,5% em 2021 -- em julho projetava 5,3% - e de 2,6% em 2022.

Também no caso de França, Bruxelas espera agora que a contração este ano fique um pouco abaixo face às projeções do verão (-9,4% nas previsões de outono contra 10,6% nas do verão), mas a retoma seja também mais lenta, com um crescimento do PIB de 5,8% em 2021 (e não 7,6%, como projetava há quatro meses) e de 3,1% no ano seguinte.

Para Espanha, país que também depende muito do setor do turismo, Bruxelas é mais pessimista quer face à evolução económica este ano -- prevendo agora uma contração do PIB de 12,4%, a maior entre os 27 (antes projetava um recuo de 10,9%) e uma recuperação de apenas 5,4% no próximo ano (contra 7,1% antecipados no verão) e de 4,8% em 2022.

Também no caso do Reino Unido, que deixou este ano o bloco europeu, Bruxelas piorou hoje as estimativas para todo o período entre 2020 e 2022, antecipando uma contração de 10,3% do PIB este ano (antes projetava uma queda de 9,7%) e uma retoma de apenas 3,3% em 2021 (e não 6%, como antecipava em julho) e de 2,1& em 2022.

Apontando que a economia europeia registou uma "recuperação forte" no terceiro trimestre deste ano, quando foram gradualmente levantadas as restrições impostas na primavera pelos Estados-membros para conter a propagação da pandemia, a Comissão nota que, "no entanto, o ressurgimento da pandemia nas últimas semanas está a resultar em disrupções à medida que as autoridades nacionais introduzem novas medidas de saúde pública", e alerta que as projeções de retoma divulgadas podem até ser novamente revistas em baixa.

"A situação epidemiológica significa que as projeções de crescimento ao longo do horizonte da previsão estão sujeitas a um grau extremamente elevado de risco e incerteza", adverte.

Nestas previsões de outono, a Comissão estima que as medidas económicas robustas de emergência adotadas pelos Estados-membros para mitigar os efeitos da pandemia levarão a um aumento "muito significativo" e generalizado do défice público por toda a Europa, projetando que, na zona euro, este aumente de 0,6% do PIB em 2019 para cerca de 8,8% em 2020, antes de recuar para 6,4% no próximo ano e para 4,7% em 2022.

No mesmo sentido, também a dívida pública na zona euro deverá aumentar de 85,9% do PIB em 2019 para 101,7% este ano e para 102,3% em 2021, sendo que prosseguirá a sua trajetória ascendente ainda em 2022, ano em que o valor agregado deverá atingir os 102,6%.

A nível do desemprego, o executivo comunitário nota que as medidas "sem precedentes" adotadas na Europa para proteger os postos de trabalho, designadamente através de regimes de horário reduzido, permitiram que a taxa de desemprego permanecesse relativamente estável comparativamente à queda da atividade económica, mas alerta que "o desemprego vai continuar a aumentar em 2021, à medida que os Estados-membros eliminarem progressivamente as medidas de apoio de emergência e novas pessoas entram no mercado de trabalho".

Assim, Bruxelas estima que a taxa de desemprego na zona euro aumente de 7,5% em 2019 para 8,3% este ano e para 9,4% no próximo, recuando para 8,9% em 2022.

A Comissão sublinha que estas projeções macroeconómicas de outono estão rodeadas de incertezas e riscos de agravamento, o principal dos quais associado a um potencial agravamento da pandemia da covid-19 que exija medidas com um impacto ainda "mais severo e duradoura na economia".

"Há também o risco de que as cicatrizes deixadas pela pandemia na economia, tais como falências, desemprego de longa duração e ruturas de abastecimento, seja ser mais profundo e de maior alcance", aponta, acrescentando que "a economia europeia também poderá ser afetada negativamente se a economia global e o comércio mundial melhorarem abaixo do previsto ou se as tensões comerciais aumentarem".

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