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África: Défice de financiamento deve-se a maus projetos e finanças fracas

A presidente do Standard Bank no Brasil considerou hoje que o défice de financiamento para infraestruturas em África se deve à falta de qualidade dos projetos e à excessiva dependência das finanças públicas dos países africanos.

África: Défice de financiamento deve-se a maus projetos e finanças fracas
Notícias ao Minuto

17:24 - 03/11/20 por Lusa

Economia África

"Não temos conseguido cobrir o défice de financiamento nas infraestruturas em África porque existe uma falta de projetos bancáveis, isto é, com condições para serem apresentados aos financiadores e, por outro lado, existe uma excessiva ligação ao estado das finanças públicas de cada país, já que a maioria dos projetos é liderada pelos governos", disse Natália Dias.

Durante o Fórum Brasil-África, que decorre hoje e quarta-feira, a presidente da filial brasileira do maior banco comercial em África defendeu que "existem muitas oportunidades no continente na área da energia e da integração regional" e disse que o défice de investimento nas infraestruturas é de 150 mil milhões de dólares por ano.

"A única maneira de acomodar essa procura é conseguir cativar os investidores, há muita liquidez nos mercados, nós calculamos que existam 11 biliões de dólares [9,3 biliões de euros] em ativos, 450 mil milhões [de dólares, cerca de 383 mil milhões de euros] dos quais podem ser canalizados para investimentos em infraestruturas no continente", disse a banqueira.

O problema do financiamento e das necessidades em África foi uma das questões que trespassou a mesa redonda sobre 'Investimento em Infraestrutura: Oportunidades em Energia, Construção e Transportes', com os empresários presentes a queixarem-se das dificuldades logísticas que existem no continente, exemplificando com estradas pequenas que não suportam um camião que transporte maquinaria pesada para uma obra de maior envergadura.

"O que é preciso mesmo é que os governos apostem em projetos bancáveis porque de todos os projetos para África, só 20% passam a fase do planeamento e implementação, e só 10% chegam à parte do financiamento", acrescentou Natália Dias, vincando que "outro dos problemas para os investidores é que a maioria dos projetos é liderada pelo governo, que geralmente tem um rácio da dívida sobre o PIB muito elevado, e vai subir ainda mais a seguir à pandemia".

Atualmente, o rácio da dívida dos países da África subsaariana está acima dos 50%, com a agência de notação financeira a estimar que no próximo ano pode chegar a mais de 70% devido ao endividamento necessário para combater a propagação da doença e relançar as economias.

"As instituições financeiras de desenvolvimento podem ajudar a puxar o setor privado, criando projetos bem feitos que chegam à parte do financiamento; foi assim que conseguimos 'fechar' o projeto de gás natural em Moçambique, um país que mesmo tendo passado por um incumprimento financeiro recente, tem patrocinadores fortes e uma moldura legal robusta que convenceu os investidores", concluiu a responsável.

Intervindo na discussão, o presidente do Banco de Desenvolvimento da África Ocidental, Serge Ekué, defendeu que melhorar o projeto antes de o apresentar aos investidores é essencial e disse que os investidores olham essencialmente para quatro indicadores quando decidem avançar para o financiamento de um projeto em África.

"Os investidores olham para o 'rating', o formato de financiamento do projeto, a duração e os juros", elencou Serge Ekué, defendendo que "estes são os critérios onde temos de melhorar para convencer os investidores, e é a maneira de financiar o défice de investimento nas infraestruturas que impedem o desenvolvimento económico mais acelerado" no continente, concluiu.

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