"O certificado de navegação daquele pontão expirava em novembro e, por isso, era mesmo agora que tinha de ser. A obra começou em setembro e durante estes 45 dias, infelizmente, não há outra forma", afirmou Matos Fernandes, quando questionado sobre as críticas do presidente da Câmara do Seixal ao timing da empreitada.
O presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos, exigiu na sexta-feira a suspensão das obras de substituição do pontão do cais fluvial do concelho "até que sejam encontradas alternativas que não prejudiquem a população".
Numa "tribuna aberta" junto ao Terminal Fluvial do Seixal, o autarca da CDU lembrou que "devido à pandemia [de covid-19] é imprescindível assegurar a segurança da população", que entende estar em risco com a alternativa encontrada pela Transtejo, de assegurar temporariamente o transporte rodoviário dos passageiros entre o Seixal e o cais de Cacilhas, no concelho vizinho de Almada.
Hoje, o ministro do Ambiente de Ação Climática, que falava à margem de uma visita às obras de consolidação e renaturalização da escarpa da Serra do Pilar, entre a Travessa Cabo Simão e a Rua Casino da Ponte, em Vila Nova de Gaia, explicou que "é necessário substituir aquele pontão por outro muito mais robusto".
Isso "não pode ser feito com a operação em funcionamento", frisou.
"Lamentamos, obviamente, o transtorno que estamos a causar. É verdade estão a demorar mais 25 minutos a chegar a Lisboa, lamentamos profundamente, mas é durante 45 dias, não há outra forma de fazer aquela obra sem suspender a operação", afirmou.
O ministro considerou ainda que a sugestão alternativa que foi apresentada pelo presidente da Câmara do Seixal é "faz perigar a segurança de quem utiliza aquele transporte fluvial".
"Com todo o respeito, o presidente da Câmara do Seixal não tem razão e a sugestão que faz não tem sentido", observou.
Matos Fernandes acrescentou que "durante as duas últimas semanas a Transtejo, durante três ou quatro vezes ao dia, tentou falar" com o autarca, "mas ele nunca atendeu o telefone".
"Provavelmente, estaria reunido com especialistas", disse.
O autarca do Seixal, Joaquim Santos, juntou-se aos protestos da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS) e da União dos Sindicatos de Setúbal (USS), que exigiram na sexta-feira a suspensão das obras no terminal do Seixal, por considerarem que houve falhas na comunicação aos trabalhadores e utentes.
Num ofício enviado conjuntamente ao ministro João Matos Fernandes e à administração da Transtejo, a FECTRANS e a USS indicam que "trabalhadores e utentes foram surpreendidos com o anúncio desta obra, que implica o encerramento do terminal" e que não houve "informação aos trabalhadores abrangidos, nomeadamente como vai ser a organização do trabalho nos próximos tempos, colocando também os utentes com a opção, de um dia para outro, de passarem a ter mais tempo de percurso nas suas viagens diárias".
Na quinta-feira, a Transtejo informou que a ligação fluvial entre o Seixal e Lisboa seria suspensa por 45 dias, devido a obras de melhoramento, sendo assegurado transporte rodoviário até ao terminal de Almada.
Segundo a administração da Transtejo, a obra no terminal do Seixal abrange uma área total de 450 metros quadrados que "não é compatível com a operação fluvial, pelo que a empresa é forçada a suspender a atracação".
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.