Dívida dos países mais frágeis subiu de 310 para 745 mil milhões
O Instituto Financeiro Internacional (IFI), representante dos credores privados, disse hoje que o montante de dívida dos países mais vulneráveis subiu de 310 mil milhões de dólares, em 2009, para 745 mil milhões em 2019.
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Economia Credores Privados
"O ritmo de acumulação de dívida externa dos países elegíveis para a Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) tem sido notável na última década, aumentando de menos de 310 mil milhões de dólares [263 mil milhões de euros] em 2009, para cerca de 745 mil milhões de dólares [633 mil milhões de euros] em 2019", escrevem os analistas dos credores privados numa nota sobre as necessidades de financiamento destes países.
Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, lê-se que "apesar de este aumento ter sido sustentado principalmente na dívida pública e garantida pelo Estado, que subiu 2,5 vezes, para mais de 490 mil milhões de dólares [416 mil milhões de euros], o crescimento foi ainda maior na dívida externa do setor privado, que quadruplicou para 160 mil milhões de dólares [135 mil milhões de euros]".
A nota, enviada poucos dias depois de o G20 ter decidido prolongar a DSSI até junho do próximo ano, admitindo que se mantenha em vigor até final de 2021, afirma também que a dívida externa de longo prazo pública ou garantida pelo Estado representa 65% do total, o que demonstra que "maximizar o alívio na liquidez do setor público continua a ser vital para atacar a crise motivada pela covid-19".
Relativamente à composição dos credores, o IFI salienta que apesar das diferenças de país para país, o Banco Mundial é o maior credor, detendo 43% da dívida externa dos 73 países elegíveis para a DSSI.
"Os credores oficiais bilaterais representam outros 36% do total, seguidos dos detentores de títulos de dívida soberana, com 13%, e os bancos comerciais, com 6%", lê-se na análise, que incide no montante da dívida e não aborda o custo dessa dívida, ou seja, a diferença entre o nível dos juros cobrados pelas instituições multilaterais financeiras e os juros praticados nos empréstimos privados comerciais.
"Entre os credores oficiais bilaterais, a China é de longe o maior credor, tendo aumentando o volume em dez vezes desde 2009 para mais de 102 mil milhões de dólares [86,6 mil milhões de euros] no ano passado; o Japão é o segundo maior credor destes países, com uma exposição de mais de 23 mil milhões de dólares [19,5 mil milhões de euros], seguidos da União Europeia, com 15 mil milhões de dólares [12,7 mil milhões de euros]", aponta-se ainda na análise.
Entre os países elegíveis para participar na DSSI, um instrumento financeiro que adia os pagamentos da dívida, montado pelo G20 com o apoio do FMI e do Banco Mundial em abril, estão todos os países lusófonos africanos.
A adesão à DSSI não implica automaticamente um alívio da dívida por parte dos credores privados, levando muitos analistas a considerar que, ao manterem os pagamentos da dívida privada para evitar um 'default', os países estão a prejudicar a aposta no combate à pandemia de covid-19.
África registou nas últimas 24 horas mais 179 mortes devido à covid-19, para um total de 39.738, havendo 1.644.780 infetados, mais 8.032, segundo os últimos dados relativos à pandemia no continente.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas o número de recuperados nos 55 Estados-membros da organização foi de 9.040, para um total de 1.356.239 desde o início da pandemia.
O primeiro caso de covid-19 em África surgiu no Egito, em 14 de fevereiro, e a Nigéria foi o primeiro país da África subsaariana a registar casos de infeção, em 28 de fevereiro.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e quase 40 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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