A "carteira" (e os esclarecimentos) que Ramalho levou ao Parlamento
António Ramalho esteve no Parlamento, esta terça-feira, a responder às questões dos deputados sobre o Novo Banco. Falou sobre as vendas de imóveis, sobre as autorizações do Fundo de Resolução, sobre o seu próprio salário e deixou uma garantia: demite-se se houver vendas a entidades relacionadas com o Lone Star.
© Gerardo Santos/Global Imagens
Economia Novo Banco
O presidente do Novo Banco, António Ramalho, que esteve na terça-feira perante os deputados da comissão de orçamento e finanças, começou por dizer que a carteira de imóveis que o banco 'herdou' do BES e que teve de vender era "má, velha e ilegal".
A explicação, segundo António Ramalho, é a de que da carteira de ativos só 14% eram residenciais, 35% dos ativos tinham mais de cinco anos (e 100 imóveis tinham mesmo mais de 20 anos) e "ilegal" porque, em geral, os bancos são obrigados a vender imóveis no prazo de dois anos.
Transações com prejuízo para Fundo de Resolução foram autorizadas
O presidente do Novo Banco disse que a aceleração da venda de ativos se deveu a exigências das autoridades europeias e que não houve qualquer operação com prejuízos para o Fundo de Resolução sem a autorização deste.
"Não há nenhuma transação que crie prejuízo ao Fundo de Resolução que o Fundo de Resolução não autorize previamente", afirmou António Ramalho, perante os deputados da comissão parlamentar de Orçamento e Finanças.
Se houver alguma transação [com parte relacionada com a Lone Star], no dia seguinte pode chamar-me aqui na qualidade de ex-presidente do Novo BancoO presidente executivo do Novo Banco disse ainda que, em vários casos, o Fundo de Resolução considerou que vendas de ativos traziam prejuízos que não se justificavam, casos em que que essas operações foram canceladas.
Ramalho demite-se se houver vendas a entidades relacionadas com Lone Star
António Ramalho disse também que o banco cumpre as obrigações legais nas vendas de ativos e que sai da instituição se houver alguma transação com entidades relacionadas com o acionista Lone Star.
"Se houver alguma transação [com parte relacionada com a Lone Star], no dia seguinte podem chamar-me aqui na qualidade de ex-presidente do Novo Banco", afirmou António Ramalho, perante os deputados da comissão de Orçamento e Finanças.
A escolha da Alantra como consultora
Sobre a escolha da empresa Alantra como consultora do Novo Banco, Ramalho assumiu que essa foi uma decisão do Conselho de Administração depois de o departamento de 'compliance' o ter desaconselhado por a presidente executiva da Alantra Portugal, Rita Barosa, ter sido assessora de Ricardo Salgado no BES (como noticiou o Público).
A administração do banco acabou por escolher a Alantra Espanha para o assessorar na venda de imóveis, sem intervenção da equipa portuguesa.
"Confesso que me sinto quase indignado por ter de explicar a minha ética republicana", disse Ramalho, acrescentando que não conhece Rita Barosa, mas considerando que alguém ter integrado determinada empresa não pode prejudicar a sua vida profissional e a própria empresa.
Fundo de Resolução tem em curso auditoria a créditos de Vieira
Ramalho deixou ainda a indicação de que há uma auditoria específica do Fundo de Resolução à reestruturação de créditos em dívida de Luís Filipe Vieira, atual presidente do Benfica.
A dívida de Luís Filipe Vieira ao Novo Banco foi trazida à comissão parlamentar pela deputada do BE Mariana Mortágua, que afirmou que em 2018 a exposição total do Novo Banco à Promovalor (empresa de Luís Filipe Vieira) era de 760 milhões de euros, tendo já gerado perdas de 225 milhões de euros.
Ramalho diz que ganha 50% do salário de presidentes de outros bancos
O presidente do Novo Banco disse que ganha metade da média dos salários dos presidentes dos outros grandes bancos e não indicou quanto poderá a instituição que lidera pedir de injeção de capital ao Fundo de Resolução.
Em maio, na última injeção de capital referente a 2019, o Novo Banco pediu ao Fundo de Resolução 1.037 milhões de euros, mas o fundo transferiu 1.035 milhões de euros. O valor de dois milhões de euros não transferido corresponde aos bónus dos membros do Conselho de Administração Executivo liderado por António Ramalho, a serem pagos no futuro, mas correspondentes a 2019.
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