O anúncio foi feito pelo presidente da instituição financeira, David Vélez, numa operação que coloca automaticamente o Nubank como a plataforma de investimento digital líder no Brasil, já que a Easynvest tem 1,5 milhões de clientes, para os quais administra investimentos de 20 mil milhões de reais (cerca 3,18 mil milhões de euros).

"A aquisição, quando aprovada pelos órgãos reguladores, irá permitir-nos oferecer aos nossos 30 milhões de clientes a possibilidade de investir nos produtos oferecidos pela Easynvest e atrair clientes que queiram fazer investimentos a partir de uma plataforma sem depender de banco ou agência", disse o empresário colombiano, presidente e cofundador da Nubank, à agência espanhola Efe.

"Ficam abertas as portas para um mercado gigantesco, o mercado de depósitos dos bancos brasileiros, que é de 3,3 biliões de reais (520 mil milhões de euros), 90% dominado pelos seis maiores bancos do país", acrescentou Vélez.

Segundo dados citados por executivos do Nubank, o valor dos ativos sob custódia no Brasil pode saltar dos atuais 3,3 para cinco biliões de reais (790 mil milhões de euros) em 2025.

O banco também cita estatísticas da bolsa de valores de São Paulo, segundo as quais o número de investidores no Brasil saltou 76% desde dezembro de 2019, para cerca de três milhões de pessoas em agosto de 2020.

"Claro que temos uma meta sobre a participação que queremos ter nesse mercado de investimentos, mas não queremos abrir esses números específicos agora. Mas o que está claro é que começamos como líderes entre aqueles que oferecem investimentos em plataformas digitais", disse Velez.

"O nosso foco são pessoas, de pequenos até grandes investidores, que querem fazer investimentos diretamente pela aplicação sem a intermediação de agências ou bancos", acrescentou.

De acordo com Vélez, a compra dá ao Nubank "a possibilidade de oferecer aos clientes diferentes oportunidades de investimento, o que eles pedem há anos".

O executivo acrescentou que numa situação de juros baixos como a atual no Brasil (a taxa básica do Banco Central está em 2,0% ao ano, o seu menor nível histórico), os clientes procuram investimentos rentáveis, que não cobrem taxa de administração e que lhes permitam obter lucros superiores aos dos investimentos tradicionais.

"Com os juros tão baixos, é importante que os clientes possam investir em produtos que não estejam cheios de comissões e taxas, que é o que os grandes bancos oferecem, e que possam destinar os seus recursos em bons produtos", afirmou.

Vélez explicou que, inicialmente, o banco e a corretora continuarão a operar separadamente e que, assim que a compra for aprovada pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Económica, iniciarão um processo lento e gradual de integração.

O presidente do Nubank absteve-se de divulgar o valor pago pelo controlo da Easynvest, mas esclareceu que parte foi paga em dinheiro e parte com ações do próprio banco.

A compra representa um salto estratégico para o banco digital fundado em 2013 por Vélez, pela brasileira Cristina Junqueira e pelo norte-americano Edward Wible, e que se consolidou como o maior do género não só no Brasil, mas em todo o mundo, e como a quinta maior instituição financeira do Brasil em número de clientes.

A Nubank iniciou as operações este ano também no México, onde já tem "150 mil clientes em lista de espera" e está "a crescer muito rápido", disse o colombiano.

A Easynvest é a terceira aquisição da Nubank este ano, após em janeiro ter comprado a consultora tecnológica Plataformatec e em julho ter assumido a empresa de software norte-americana Cognitect.

Leia Também: AO MINUTO: Normalidade? "Só no fim de 2021". Brasil supera 130 mil óbitos