Rússia pode usar São Tomé e Príncipe como interposto comercial
A ministra dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidade são-tomense manifestou hoje o desejo de ver a Rússia usar o seu país como "interposto comercial" com os países da região do Golfo da Guiné.
© Lusa
Economia São Tomé e Príncipe
"Nós estamos numa zona geográfica que é um grande mercado e a Rússia que está querendo um espaço de intervenção na África poderá utilizar São Tomé e Príncipe como um grande interposto comercial e a partir daqui poder levar tudo o que é de bom para o resto da África", disse Elsa Pinto a Jornalistas.
A governante referiu que já apresentou a proposta ao governo da Federação Russa, estando a espera que os dois países analisem a questão e cheguem a acordo.
"Esta foi a proposta que nós apresentamos. Se tivermos cá um interposto comercial, um armazém internacional - tal como fazem os grandes países como a China - em que as pessoas podem vir aqui comprar, ao invés de irem até a Rússia e relançar São Tomé e Príncipe como uma base comercial, o que seria muito interessante para o nosso país", defendeu.
Os dois Estados assinalam hoje 45 anos do estabelecimento de relações diplomáticas e o governo são-tomense considera ser necessário os dois países revisitem os acordos de cooperação bilateral, focando-se mais em acordos comerciais.
"A Rússia é uma potência, mas importa que as nossas vontades se reencontrem para nós voltarmos a retomar aquela cooperação estratégica bilateral. Ela [a Rússia] tem para dar, mas nós também temos. Para isso, as vontades têm de se reencontrar e isso terá de ser feito num espaço de concertação", sublinhou Elsa Pinto.
De acordo com a chefe da diplomacia são-tomense, estava prevista uma visita do chefe da diplomacia russa a São Tomé e Príncipe no início deste ano, uma ocasião em que poderiam ser revistas novas áreas de cooperação bilateral, a partir da posição estratégica de São Tomé e Príncipe no Golfo da Guiné.
"A expetativa é bastante elevada, a Rússia voltou-se para nós outra vez, já tivemos várias missões aqui (capital são-tomense) a nível de embaixador, estabelecemos um quadro, já tínhamos reuniões marcadas", que se atrasaram devido à pandemia de covid-19.
Em 2004, a Rússia perdoou 70% da dívida externa de São Tomé e Príncipe, medida que o executivo são-tomense considerou como "um gesto muito apreciável".
Agora, as autoridades são-tomenses estão na expetativa de um novo reencontro na cooperação entre os dois países.
"A Rússia acredita que chegou o momento de voltar outra vez para África e África está aqui à espera", explicou Elsa Pinto, considerando que 45 anos depois de estabelecidas as relações diplomáticas com a Federação Russa, ficaram "marcas".
"Temos muita gente que tem a Rússia no coração, sobretudo médicos, engenheiros, uma grande classe que emerge daqueles tempos da União Soviética. Não há melhor coisa do que a relação entre dois Estados", acrescentou a ministra.
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