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Von der Leyen, um ano de percalços desde que foi eleita presidente

Eleita há um ano presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen tem tido um percurso acidentado, muito por força da pandemia da covid-19, que relegou para segundo plano aquela que era a sua bandeira, o pacto ecológico.

Von der Leyen, um ano de percalços desde que foi eleita presidente
Notícias ao Minuto

11:43 - 15/07/20 por Lusa

Economia Von der Leyen

A chegada da pandemia à Europa em março, cerca de três meses depois de a «Comissão Von der Leyen» ter tomado posse, é a razão mais óbvia para explicar o desempenho pouco profícuo do novo executivo comunitário até à data. Mas, paradoxalmente, esta crise sem precedentes que a Europa enfrenta pode também proporcionar a primeira grande vitória à 'nova' Comissão, se os líderes dos 27 chegarem a acordo em torno do seu pacote de propostas para a recuperação socioeconómica da Europa.

Até ao momento, o desempenho de Von der Leyen tem sido turbulento, marcado também por várias 'gaffes' da dirigente alemã, que ainda não domina a arte da comunicação em Bruxelas, apesar de ter contratado uma empresa privada de relações públicas, um de diversos episódios por si protagonizados a gerar polémica no meio comunitário.

Em boa verdade, a polémica em torno da presidente da Comissão Europeia teve início desde logo com a sua escolha, tendo Von der Leyen sido eleita há um ano, 16 de julho de 2019, pelo Parlamento Europeu, com a mais curta margem de votos que alguma vez um presidente do executivo comunitário recebeu.

Na sequência das eleições europeias de maio de 2019, supostamente celebradas sob o modelo de 'Spitzenkandidat' [candidatos principais] -- cada família política europeia apresentou um candidato para a presidência da Comissão, tal como em 2014 -, foram necessárias 'maratonas' negociais para a escolha dos nomes para os lugares institucionais de topo, dada a falta de entendimento entre os 27.

O Partido Popular Europeu (PPE), uma vez mais a família política mais votada, rejeitou a designação do socialista Frans Timmermans para suceder a Jean-Claude Juncker -- embora esta fosse uma solução apoiada pela chanceler Angela Merkel -, enquanto os socialistas europeus rejeitavam liminarmente aceitar o nome de Manfred Weber, o 'spitzenkadidat' dos conservadores.

A solução encontrada foi uma 'outsider', a então ministra da Defesa alemã, Ursula von der Leyen (também do PPE), numa escolha muito criticada por diversos quadrantes, com o Conselho Europeu a ser acusado de voltar a tomar as decisões nos bastidores, em desrespeito pelos princípios democráticos e pelo princípio dos «candidatos principais», uma crítica corroborada pelo ex-presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker.

Em 16 de julho, Von der Leyen acabaria por receber o 'aval' do Parlamento Europeu, com o voto favorável de 383 eurodeputados, somente nove acima da maioria que necessitava (374), a margem mais curta alguma vez obtida por um presidente da Comissão.

Eleita a primeira mulher a liderar o executivo comunitário, Von der Leyen viu também a sua entrada em funções ser adiada, face ao 'veto' do Parlamento Europeu a três dos comissários designados para o seu colégio, os candidatos de França, Hungria e Roménia.

Assim, o colégio, que integra a comissária Elisa Ferreira, responsável pela pasta da Coesão e Reformas, que deveria ter iniciado o seu mandato em 01 de novembro, acabaria por só receber a aprovação da assembleia em 27 de novembro, iniciando funções em 01 de dezembro.

A grande prioridade assumida desde início por Von der Leyen foi o clima, e a sua 'bandeira' o chamado 'pacto ecológico europeu', encontrando-se também no topo das suas prioridades preparar a Europa para a era digital e trabalhar com vista a uma economia ao serviço das pessoas.

A sua ideia era apresentar e pôr em marcha várias iniciativas nos primeiros meses de mandato, mas a crise sem precedentes gerada pela covid-19 e o «Grande Confinamento» paralisaram inevitavelmente os trabalhos, com todas, ou quase todas, as energias a serem dirigidas para o combate à crise sanitária, numa primeira fase, e às devastadoras consequências socioeconómicas da pandemia.

Sendo esta crise absolutamente externa e inopinada, a Comissão foi contudo também criticada pela gestão da mesma, sobretudo no início, designadamente pela falta de solidariedade dentro da UE para com Itália, o primeiro país europeu a ser fortemente atingido pela covid-19, tal como reconheceu posteriormente o próprio executivo comunitário.

Outro 'passo em falso' deu-se quando a Comissão só emitiu orientações comuns sobre o encerramento das fronteiras no espaço Schengen quando os Estados-membros já as estavam a fechar.

E os problemas repetiram-se, quando Bruxelas anunciou que iria publicar diretrizes para o 'desconfinamento' e foi forçada a recuar face à reação dos 27, que consideraram a divulgação do plano prematura e um sinal errado às populações.

Também na fase de resposta económica à crise da covid-19, Von der Leyen teve alguns momentos menos felizes, como quando se referiu aos 'coronabonds' como um "mero slogan" - provocando designadamente a indignação em Itália, o país que mais defendia a emissão de dívida europeia para financiar a resposta --, ou quando uma fuga de informação revelou uma proposta de retoma que estava a ser trabalhada na Comissão sem que os Estados-membros tivessem sido consultados, o que mereceu até um reparo da sua compatriota (e amiga) Angela Merkel.

No atual contexto de crise, Ursula von der Leyen, que vive na sede da Comissão Europeia -- outra decisão alvo de críticas e ironia, quando foi anunciado que a dirigente alemã tinha optado por 'construir' um modesto apartamento no 13º andar do 'quartel-general' do executivo comunitário -- continua sem ter margem para pôr em marcha o seu programa, encabeçado pela luta contra as alterações climáticas, mas que previa uma série de iniciativas noutras áreas no primeiro semestre deste ano, como a apresentação de um novo Pacto Migratório.

Todavia, pode ser precisamente a crise a proporcionar a Von der Leyen o seu primeiro grande feito à frente da Comissão, caso haja um compromisso em torno da sua ambiciosa proposta de um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões de euros, associado a um orçamento plurianual para 2021-2027.

Têm a palavra os chefes de Estado e de Governo da UE, que se reúnem em Bruxelas a partir de sexta-feira.

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