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Observatório sobre Crises propõe alternativas de futuro para Portugal

O economista José Reis defendeu hoje a criação de alternativas de futuro para Portugal face ao agravamento das suas vulnerabilidades pela atual pandemia, alertando para a necessidade de imperar o "bom senso".

Observatório sobre Crises propõe alternativas de futuro para Portugal
Notícias ao Minuto

17:39 - 10/07/20 por Lusa

Economia Covid-19

José Reis, coordenador do Observatório sobre Crises e Alternativas (OCA), falava à agência Lusa a propósito de um seminário subordinado ao tema "Como reorganizar um país vulnerável?" promovido por esta unidade de investigação do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra (UC).

Na sua ótica, nos últimos meses, no contexto da pandemia da covid-19, os governos e as instituições viram-se "obrigados a regressar" a conceitos que "julgavam ultrapassadas", como "o papel essencial do Estado e da ação pública", por exemplo.

"A linguagem perdeu restrições que a limitavam e a liberdade e o debate tornou-se mais necessário, com uma amplitude que não conhecíamos, dado o poder de que as sabedorias convencionais dispunham", afirma num documento sobre a matéria em estudo, divulgado pelo OCA.

À margem do debate, moderado pelo jornalista Nicolau Santos, presidente da Lusa, o professor catedrático realçou que a pandemia, em Portugal e no mundo, operou "um corte radical" em diferentes áreas.

"Passou a ser corrente falar (...) de soberania material e política, de prioridade a uma certa autossuficiência dos espaços económicos, de subordinação da finança e dos bancos à deliberação política, de novas formas de financiamento de sociedades tornadas deficitárias, de desglobalização e de reindustrialização, de regresso ao território, de barreiras à privatização do bem-estar atual e futuro", exemplifica na apresentação da iniciativa, cujo tema resulta do trabalho para o quinto relatório anual daquele observatório, que este ano será publicado em livro.

Para José Reis, "resta saber é quão transitório tudo isto é e que outros poderes e outras urgências se virão sobrepor ao que o bom senso parece exigir".

"Importa, por isso, mapear alternativas e aprofundar o estudo", preconiza.

Nicolau Santos salientou que a generalidade dos contributos para o relatório e o seminário, realizado no modo digital, se apresenta "ao arrepio das tendências que, do ponto de vista económico, se vivem no mundo", designadamente nos meios académicos.

Na sua opinião, verifica-se nesses trabalhos "um desalinhamento em relação ao pensamento dominante".

No entanto, segundo Nicolau Santos, "não é fácil e sobretudo não é rápido" o mundo "mudar grande parte das tendências" seguidas na economia até ao eclodir da crise pandémica.

"A tentação de voltar ao modelo que tínhamos antes voltará a ser muito grande", disse, dando o exemplo do turismo, para duvidar que, em Portugal, o setor "volte a ser o motor da economia".

O presidente da Lusa, que antevê "uma grande reconfiguração das instituições" na sequência da pandemia, lembrou que "os vínculos laborais têm vindo a fragilizar-se", no século XXI, uma tendência que "o teletrabalho acentuou".

"Para onde caminha o sindicalismo, a defesa dos trabalhadores, é uma grande incógnita", disse.

Outra interveniente, Mariana Canotilho, juíza do Tribunal Constitucional, afirmou-se também "sensível à perda do ambiente do trabalho e das pessoas" e lembrou que "a dimensão coletiva do trabalho foi a mais afetada" desde a crise de 2008.

Em Portugal, "um país desigual", o lugar do trabalho "perde centralidade", sendo agora "uma das coisas que é preciso defender no futuro", preconizou a docente da Faculdade de Direito da Universidade do Minho, numa sessão em que o estudo realizado foi igualmente analisado pelo historiador Álvaro Garrido, da Faculdade de Economia de Coimbra.

Participaram também na sessão vários autores do quinto relatório do Observatório sobre Crises e Alternativas, que inclui textos de José Reis, Ana Cordeiro Santos, Ana Drago, Ana Paula Relvas, Gabriela Fonseca, João Arriscado Nunes, Mauro Serapioni, João Ramos de Almeida, Ana Alves da Silva, José Castro Caldas, José António Bandeirinha, José Castro Caldas, Lina Coelho, Manuel Carvalho da Silva, Elísio Estanque, Hermes Augusto Costa, Maria Clara Murteira, Paulo Coimbra, João Rodrigues, Pedro Hespanha, Ricardo Coelho e Vítor Neves.

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