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Trabalhadores temporários acusam Governo de estigmatizar setor

A Associação Portuguesa de Empresas do Setor Privado de Emprego e de Recursos Humanos (APESPE-RH) acusou hoje o primeiro-ministro de estigmatizar os trabalhadores temporários ao anunciar que vai reforçar as medidas de vigilância epidemiológica nas empresas de trabalho temporário.

Trabalhadores temporários acusam Governo de estigmatizar setor
Notícias ao Minuto

17:30 - 31/05/20 por Lusa

Economia Associação

"Esta é uma questão de saúde pública e a associação colabora com todas as entidades governamentais. A questão que nos preocupa é que o setor do trabalho temporário é um setor que tem vindo a ser discriminado ao longo dos tempos (...). E quando estamos numa fase colaborativa e ouvimos o senhor primeiro-ministro dizer que o foco são os trabalhadores temporários, é grave. O vínculo contratual é o menos importante no meio disto tudo", disse o presidente da APESPE-RH, Afonso Carvalho.

Em declarações á agência Lusa, o responsável criticou as palavras de António Costa que na sexta-feira, no final da reunião de Conselho de Ministros, em que ficaram definidas as medidas para a próxima fase de desconfinamento, que arranca na segunda-feira, disse que o Governo vai reforçar as medidas de vigilância epidemiológica no setor da construção e nas empresas de trabalho temporário para controlar focos de infeção pelo novo coronavírus.

António Costa comentava o foco de contágio detetado na Azambuja, tendo dito: "Não tem a ver com os residentes na Azambuja, tem sobretudo a ver com um conjunto de trabalhadores que trabalham naquela plataforma logística através de empresas de trabalho temporário".

Esta palavras desagradaram à APESPE-RH, associação que conta com cerca de 40 associadas o que corresponde a cerca 90.000 trabalhadores, 80% dos quais do mercado nacional.

Afonso Carvalho contou que a associação está a colaborar com o Ministério do Trabalho e da Segurança Social e comunicou, por sua iniciativa, casos suspeitos de infeção, aproveitando para criticar as medidas implementadas para o setor.

"Este setor, apesar de ser um setor que está altamente regulamentado na lei, só no início da pandemia teve um decréscimo de atividade de cerca de 50% e nem por isso foi contemplado em questões de 'lay-off' simplificado, algo que também nos desagradou bastante. E quando estamos numa fase colaborativa e ouvimos o senhor primeiro-ministro dizer que o foco são os trabalhadores temporários, é grave. O vínculo contratual é o menos importante no meio disto tudo", disse o dirigente associativo.

Segundo o presidente, a APESPE-RH comunicou já oito casos suspeitos que "foram imediatamente tratados" e "cada empresa associada tem posto em prática planos de prevenção em colaboração com as empresas clientes ou utilizadoras".

"E estamos a testar preventivamente. Arrisco dizer que a taxa de infetados será muito reduzida (...). Não queremos que exista um estigma crescente em relação a esta população. Queremos que a opinião pública seja esclarecida. A questão é imaterial", frisou.

Já em comunicado, a APESPE-RH diz-se "desrespeitada, ofendida e até, insultada", pedindo que "em nome da verdade e do rigor" António Costa "ou quem por ele devidamente mandatado" fizesse um esclarecimento.

"Desta forma, muito nos agradaria que, em nome da verdade e do rigor, o senhor primeiro-ministro ou quem por ele devidamente mandatado, viesse retificar as declarações em causa, repondo o rigor das mesmas, em nome da verdade, transparência e clareza que sempre se exigem a um Governo, e, ainda mais, num momento com a gravidade e impacto como aquele que atualmente vivemos", termina a nota da APESPE-RH.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 369 mil mortos e infetou mais de 6 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mais de 2,5 milhões de doentes foram considerados curados.

Portugal contabiliza pelo menos 1.410 mortos associados à covid-19 em 32.500 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS). O número de doentes recuperados é de 19.409.

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