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Calçado. Liderança em I&D e acesso a mercados prioridades de Portugal

O reforço da liderança da indústria de calçado na componente de Investigação & Desenvolvimento (I&D) e um "trabalho cirúrgico" para resolver o problema do acesso aos mercados marcaram o primeiro ano da presidência portuguesa da confederação europeia do setor.

Calçado. Liderança em I&D e acesso a mercados prioridades de Portugal
Notícias ao Minuto

14:31 - 25/05/20 por Lusa

Economia Confederação Europeia do Calçado

"Por um lado, com o objetivo de reforçarmos o nosso estatuto de líder na componente de I&D, colocámos as principais instituições europeias a trabalharem em conjunto. Dentro de três ou quatro anos, os resultados desse trabalho começarão a aparecer", afirmou o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), Luís Onofre, em entrevista à agência Lusa.

"Noutro nível - acrescentou - um trabalho mais cirúrgico, mas imprescindível, passa por sensibilizar as instituições europeias para a problemática do acesso aos mercados. Deve ser a nossa principal prioridade estratégica".

No passado domingo assinalou-se o primeiro de três anos do mandato de Luís Onofre à frente da Confederação Europeia de Indústrias de Calçado (CEC), que representa 21 mil empresas responsáveis por cerca de 278 mil empregos.

Embora considerando ser "muito difícil" avaliar um "trabalho que está a meio", e ainda mais quando se é "juiz em causa própria", o presidente da APICCAPS recorda sempre ter defendido como "prioridade" a "defesa do comércio livre, justo e equilibrado" no setor.

"As raízes da moda estão na Europa e, por esse motivo, o calçado europeu é a grande referência a nível mundial. No entanto, o acesso a vários mercados continua a ser muito condicionado", sustenta.

Na sua opinião, os acordos bilaterais que a Europa tem concretizado, no passado recente, com vários países, como o Canadá ou o Japão, "são um bom princípio, mas esse trabalho tem de ser muito reforçado", de forma a todos terem "acesso às mesmas oportunidades".

"Esperamos que esse possa ser um tema essencial da presidência portuguesa da União Europeia", no primeiro semestre de 2021, destaca o empresário e líder associativo.

Relativamente ao impacto da pandemia de covid-19 na indústria europeia do calçado, Luís Onofre recorda que "as expectativas (dados do World Footwear) apontam para uma quebra do consumo a nível mundial na ordem dos 22%", sendo que na Europa esta descida "ainda será mais acentuada", pelo que se antevê "um ano muito difícil".

"Estaremos sempre dependentes da duração da pandemia", admitiu, apontando como "essencial recuperar a confiança e incentivar o consumo".

Embora assegure que as premissas estabelecidas na estratégia europeia da CEC "continuam válidas" no contexto da crise pandémica, o líder da confederação admite que atingir os objetivos estabelecidos "será ainda mais difícil": "A grande tendência atual passa por fechar as fronteiras e os mercados internacionais, quando o que defendemos é precisamente o oposto. Sem crescimento, liberdade e oportunidades não poderá haver progresso", reconhece.

Quanto à indústria portuguesa de calçado -- que mesmo antes da pandemia já encarava 2020 com um "otimismo moderado", dadas as dificuldades das principais economias europeias, maiores clientes do setor, que se traduziram numa quebra das exportações para níveis de 2013 - Luís Onofre assume que a expectativa de crescimento para este ano "infelizmente não irá acontecer".

"Começámos o ano com a expectativa de que 2020 fosse de afirmação do calçado português nos mercados externos. Ainda que moderado, os indicadores que tínhamos seriam de crescimento, que infelizmente não irá acontecer", disse à Lusa.

Embora nesta altura ainda não seja possível "fazer previsões com clareza" quanto à evolução das exportações, que estarão sempre "dependentes da evolução da pandemia e da capacidade de restabelecer a confiança e o consumo", Luís Onofre lembra que "pelo menos dois meses" estão perdidos.

"As exportações extracomunitárias aumentaram de forma consistente na última década e duplicaram mesmo o seu peso específico no total nacional, para 15% do total exportado. No momento atual, a abordagem a esses mercados está francamente limitada, mas mal surja a oportunidade não iremos seguramente deixar de aprofundar o importante trabalho que estamos a desenvolver", afirma.

Ainda assim, o presidente da APICCAPS garante que o setor está "a fazer o trabalho de casa", de forma a "aproveitar as oportunidades, mal esteja ultrapassada esta fase terrível".

Aquando da nomeação de Luís Onofre para a presidência da confederação europeia do setor do calçado, o Governo, pela voz do ministro adjunto e da Economia considerou tratar-se da demonstração do prestígio internacional de Portugal nesta indústria, de "uma distinção à pessoa e à sua capacidade de liderança" e também de "um reflexo da importância que a confederação europeia atribui ao setor em Portugal".

"A forma como o mundo aprecia o percurso da indústria portuguesa de calçado é impressionante, é um caso de estudo e um exemplo internacional e no país", sustentou na altura Pedro Siza Vieira, certo de que a presidência da CEC, que tem sede em Bruxelas, permitirá ao país "contribuir para a afirmação da indústria europeia, mas particularmente para a elevação da imagem de Portugal".

Esta é a segunda vez que Portugal assume a liderança da CEC. Em 2001, o então presidente da APICCAPS, Fortunato Frederico, ocupou por dois anos a presidência da confederação europeia.

As exportações da indústria portuguesa do calçado caíram 5,7% em 2019, para 1.791 milhões de euros, depois de já terem recuado cerca de 3% no ano anterior, tendo esta quebra homóloga sido justificada com o comportamento "muito adverso" das principais economias europeias, onde faz 85% das vendas ao exterior.

Com mais de 1.500 empresas de calçado e 40.000 trabalhadores, o setor português de calçado atingiu em 2017 o máximo histórico das exportações, em torno dos 1.965 milhões de euros, equivalentes a mais de 83 milhões de pares de sapatos. O preço médio de exportação (26,54 dólares, praticamente o triplo do praticado a nível mundial) foi então o segundo maior entre os principais produtores mundiais de calçado.

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