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ONU quer mais exportações de alimentos e material médico para África

A analista de assuntos económicos com o pelouro de África nas Nações Unidas Helena Afonso alertou hoje que é preciso mais solidariedade, criticando as restrições às importações de alimentos e material médico no continente.

ONU quer mais exportações de alimentos e material médico para África
Notícias ao Minuto

11:07 - 24/05/20 por Lusa

Economia Coronavírus

"Vai ser muito importante a solidariedade, não só entre países africanos, mas também a solidariedade vinda do resto do mundo; no entanto, assistimos ao contrário, e alguns países restringiram as exportações de alimentos e material médico, que são importações cruciais para o combate ao vírus em África", disse Helena Afonso.

Em entrevista à Lusa no seguimento do lançamento do relatório do Departamento de Assuntos Económicos e Sociais sobre a economia mundial, a responsável por África vincou que a pandemia no continente "é preocupante" e lembrou a situação frágil preexistente.

"Na ONU vemos a situação de uma forma algo preocupante, África tem um potencial muito grande para ter um grande número de casos, é uma das regiões onde o número de casos mais está a crescer apesar das medidas em vigor, a capacidade é mais reduzida, mas até agora continua a ser uma das regiões menos afetadas em termos do número de casos e de mortes", disse a especialista.

"Lamentavelmente, mesmo antes de se depararem com uma crise geral de saúde, a maior parte dos países já entrou numa crise económica; muitos ainda se encontravam na fase de recuperação da crise de 2014 e estavam numa situação difícil ao entrar na pandemia, e portanto este é um teste muito grande à resiliência de África e dos africanos", acrescentou, na entrevista por telefone à Lusa a partir de Nova Iorque, a sede da ONU.

Questionada sobre a iniciativa do G20 de alívio dos pagamentos da dívida para os países mais vulneráveis, muitos deles africanos, Helena Afonso elogiou a medida, considerando que é importante para criar espaço orçamental para o combate à pandemia da covid-19.

"A ONU considera o alívio da dívida uma ação muito necessária neste momento, é um passo na direção certa, mas são necessárias mais medidas, uma vez que a dívida aos credores privados é muito alta nalguns países africanos e isto vai dificultar a obtenção de alívio e a reestruturação da dívida", disse.

"Muitos países encontram-se muito limitados pela falta de margem orçamental, tendo acesso limitado a financiamento externo e com uma posição externa cada vez mais frágil, e isto é um grande problema porque não dá margem de manobra aos países para conterem rapidamente a pandemia e apoiarem a recuperação económica", vincou a responsável no Departamento Económico e Social das Nações Unidas.

A ONU, através da Conferência para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), divulgou em abril um relatório sobre a dívida dos países vulneráveis, defendendo um conjunto de medidas para resolver a crise da dívida atual e prevenir mais perturbações no futuro.

"A ONU pede uma abordagem em três fases para lidar com as vulnerabilidades que inevitavelmente irão surgir após a pandemia causada pelo sobre-endividamento, em que a primeira fase pede um congelamento do serviço da dívida, incluindo a credores multilaterais e privados em todos os países em desenvolvimento que não têm acesso ao mercado financeiro e não podem pagar as suas dívidas", disse a analista.

"A segunda fase apela à sustentabilidade da dívida em linha com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) para criar margem orçamental para uma recuperação económica mais resiliente, e a terceira fase destaca a necessidade de reformas estruturais na resolução das dívidas a nível internacional para que se evitem crises financeiras e económicas prolongadas causadas por incumprimentos", concluiu.

A ONU antecipa uma recessão económica em todos os países lusófonos africanos, com exceção de Moçambique, que deverá ver o crescimento reduzido para apenas 1,7% este ano.

"A economia de Cabo Verde deverá contrair-se 2,7% este ano, com a zona euro a registar uma recessão que influencia o comércio, turismo e remessas, recuperando para 4,2% em 2021, com a recuperação de algumas indústrias, retoma da agricultura e melhores condições macroeconómicas globais", disse.

Para a Guiné-Bissau, o panorama de quebra económica este ano e de recuperação em 2021 é semelhante.

"A Guiné-Bissau vai assistir a uma contração de 1,1% este ano devido à descida da procura externa pelo caju e uma descida da produção que origina uma queda nas exportações; assumimos um crescimento de 3,5% em 2021 devido à recuperação da procura externa, aumento dos volumes de exportações e melhorias na economia nacional", disse Helena Afonso.

Em São Tomé e Príncipe, a perspetiva aponta para uma queda de 4,6% este ano devido à quebra do turismo, que afeta os setores dos serviços e da construção e perturba a rede de distribuição de cacau, a maior exportação nacional.

"O crescimento deverá ser de 5,1% em 2021, apoiado por uma retoma na agricultura, construção e serviços, em linha com a recuperação económica mundial", concluiu a analista.

Em África, há 3.246 mortos confirmados em mais de 107 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (1.114 casos e seis mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (719 casos e sete mortos), Cabo Verde (371 casos e três mortes), São Tomé e Príncipe (291 casos e 11 mortos), Moçambique (168 casos) e Angola (61 infetados e quatro mortos).

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 339 mil mortos e infetou mais de 5,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de dois milhões de doentes foram considerados curados.

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