A Argentina tinha até sexta-feira para pagar 503 milhões de dólares (458 milhões de euros) em juros sobre três títulos públicos (Global 2021, 2026 e 2046), emitidos sob legislação estrangeira.
Num comunicado emitido pelo Ministério da Economia, o Governo argentino anunciou que alargou o prazo que terminava esta sexta-feira até 02 de junho para continuar a negociar com os detentores daqueles títulos.
Esta é a segunda extensão das negociações: o Presidente argentino Alberto Fernández já tinha definido o dia 08 de maio como a data-limite para os obrigacionistas aderirem à oferta de troca lançada pelo Governo, mas o prazo foi estendido até 22 de maio (sexta-feira) devido ao pouco sucesso desta proposta.
"A Argentina e os seus consultores pretendem aproveitar esta extensão para continuar as discussões e permitir que os investidores continuem a contribuir para uma bem-sucedida reestruturação da dívida", pode ler-se numa resolução divulgada pelo Ministério da Economia.
No documento, aponta-se que o país acredita "firmemente" que um final satisfatório contribuirá para estabilizar a atual situação económica, aliviando as "restrições de médio e longo prazo da economia".
Em 17 de abril, a Argentina lançou oficialmente a sua proposta, consistindo na troca de títulos emitidos entre 2005 e 2016 por novos títulos, com vencimento entre 2030 e 2047, a fim de reestruturar 66,238 mil milhões em dívidas.
Este valor representa apenas um quinto da dívida, já que a dívida total do país se cifra nos 323,192 mil milhões de dólares (cerca de 295,37 mil milhões de euros).
No entanto, vários grupos de credores rejeitaram a proposta, tendo o Governo recebido posteriormente três contrapropostas, que permanecem na mesa de negociação.
Alberto Fernández, em várias aparições públicas desde que venceu nas urnas, em dezembro de 2019, o seu antecessor, Mauricio Macri, reafirmou a vontade de pagar a dívida, mas quando a economia voltar a crescer.
O Presidente argentino disse não querer ter de fazer ajustes num país que já tem um terço da sua população em situação de pobreza.
Depois dos credores privados, a Argentina deverá enfrentar negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para reestruturar igualmente outros 44 mil milhões de dólares de dívida. Essa negociação, no entanto, não envolve nenhuma redução da dívida, apenas um alargamento dos prazos.