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Pandemia afetou destinos e origens de mercadorias no mundo

A covid-19 afetou destinos e proveniência das mercadorias em praticamente todos os continentes, com cargas aéreas limitadas a equipamentos de proteção, constrangimentos nas fronteiras terrestres e maiores custos por via marítima, referiu o bastonário da Ordem dos Despachantes Oficiais.

Pandemia afetou destinos e origens de mercadorias no mundo
Notícias ao Minuto

14:51 - 11/05/20 por Lusa

Economia Covid-19

A análise é de Mário Jorge, para quem os condicionalismos impostos pelo combate à pandemia "alteraram significativamente as operações logísticas no contexto total".

Em entrevista à agência Lusa, o bastonário da Ordem dos Despachantes Oficiais, que representa os aduaneiros portugueses, afirmou que a pandemia afetou "praticamente todos os destinos e proveniências da totalidade dos continentes".

"Com as cargas aéreas todas tomadas - considerando que se destinam exclusivamente ao transporte de dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual - e com as fronteiras terrestres condicionadas, embora se tente manter a rede de distribuição a funcionar, os constrangimentos são enormes", disse.

Por seu lado, "as rotas marítimas foram reduzidas e verificou-se um aumento dos custos de fretes", além das "sucessivas greves do Porto de Lisboa".

"Todos estes condicionalismos alteraram significativamente as operações logísticas no contexto total", admitiu Mário Jorge, situação que se regista nos países lusófonos, fortemente dependentes da importação de produtos oriundos de Portugal, embora numa "escala menor".

Estes países sofrem igualmente uma "estagnação, principalmente da via aérea", frisou.

Para os portos dos países da lusofonia, que se mantêm abertos, continuam a chegar, embora em muito menor quantidade, o mesmo material que seguia anteriormente, "com incidência para todo o material de proteção individual para a covid-19".

Sobre os destinos onde se registou uma maior diminuição de envio de mercadorias desde o início das restrições impostas pela pandemia, Mário Jorge enumerou, sem hesitar, a China, cujas importações "estagnaram", estando centradas nos dispositivos médicos e equipamentos de proteção individual.

"A produção mundial abrandou ou mesmo parou em países onde a pandemia exerce a chamada 'curva ascendente', podendo vir a mudar este tipo de ações paulatinamente e quando se chegar ao dito 'planalto da crise'. Os restantes países da denominada globalização, para onde muitas empresas exportam as suas produções, estão também neste conjunto de problemas e numa esperança de viabilizar em termos faseados, a abertura e retoma das atividades principais, para que a economia não se perca e arraste os países para uma crise de dimensões catastróficas", explicou.

Em termos dos produtos portugueses exportados mais afetados, Mário Jorge identificou os do "setor de produção tradicional".

Ou seja, "setores como o têxtil, a indústria do calçado, a indústria vitivinícola, o setor do mobiliário, da metalomecânica, a indústria de montagem (automóvel, bicicletas, motociclos), entre outros".

A Ordem estimou que a economia portuguesa tenha "uma queda muito significativa, recuperável, segundo dados do Governo, num prazo nunca inferior a dois anos".

"No pressuposto de não haver um rápido revés da atual situação pandémica, todas as atividades económicas sofrerão violentos impactos. Não podemos ignorar a nossa geografia, aqui ao nosso lado, encontra-se a nossa vizinha Espanha", apontou, referindo-se a um parceiro muito importante para a nossa balança comercial, "com valores na ordem dos 33% em importação e exportação" ao longo de décadas.

E acrescentou: "Em frente a Portugal está o Brasil, que atravessa um momento caótico e do qual a breve prazo não nos permite sequer aproveitar esse corredor atlântico que tantas vezes tem sido apontado como uma grande fonte económica para o nosso país".

"O cenário para os despachantes oficiais revela uma vez mais, um desafio semelhante ou pior, que o que alguns de nós assistiram em 1992", adiantou Mário Jorge.

Mas o bastonário da Ordem considerou que os despachantes oficiais "têm e continuarão a ter uma enorme capacidade de resiliência e de superação das dificuldades, pois delas se renasce e se constroem oportunidades, elevando-se a esperança e determinação para lutar".

A covid-19 também alterou o trabalho destes profissionais que, no seguimento e acompanhamento das diretrizes emanadas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Governo, mudaram os procedimentos diários e habituais do serviço, "não só perante os clientes como também na interação junto das alfândegas".

A Ordem tem tido contactos com a Autoridade Tributária e Aduaneira, no intuito de "promover um maior diálogo e uma permanente cooperação, garantindo assim aos seus associados e a todos os operadores económicos, toda a informação e apoio, para que não fiquem impedidos de manter alguma atividade profissional e, consequentemente, não percam a totalidade da sua rentabilidade económica, considerando a abrupta quebra do serviço de importação e exportação".

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 282 mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.

Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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