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Agravamento dos custos de financiamento prejudicará os mais endividados

O agravamento dos custos de financiamento dos países na sequência da pandemia da covid-19 irá prejudicar os mais endividados, como Itália, Espanha, Grécia e Portugal, segundo analistas ouvidos pela agência Lusa.

Agravamento dos custos de financiamento prejudicará os mais endividados
Notícias ao Minuto

09:12 - 29/04/20 por Lusa

Economia Covid-19

As medidas de apoio à economia estão a obrigar os países a aumentar o endividamento, o que conduzirá a que investidores exijam juros cada vez mais elevados para subscrever dívida, agravando as 'yields' das obrigações soberanas.

Em Portugal, na semana passada, o IGCP, instituto que gere a dívida pública portuguesa, realizou um leilão de dívida a seis e 10 anos, tendo suportado taxas de juro mais elevadas do que nas emissões comparáveis anteriores, reflexo do impacto da pandemia no mercado de obrigações soberanas.

O analista da IMF Filipe Garcia reconhece que o alargamento de 'spreads' decorre da situação da pandemia.

Para o especialista, os esforços de resposta vão assim gerar défices orçamentais elevados que, conjugados com a contração do produto, irão fazer aumentar consideravelmente o rácio dívida/PIB (Produto Interno Bruto).

"Apesar de ser uma situação transversal na UEM [união económica monetária], prejudicará mais a solvabilidade dos países mais endividados, como Itália, Espanha, Portugal e Grécia", refere.

Por outro lado, afirma, "tem havido divergências claras entre os países sobre a forma como o financiamento de combate aos efeitos da covid-19 será encarado para efeitos de contas públicas e acerca da possibilidade de algum tipo de mutualização da dívida na UEM aumentando, ainda que ligeiramente, os riscos de desagregação".

A atuação do BCE, quer na prática, quer pelo discurso, tem impedido um alargamento maior dos 'spreads' (margem de lucro dos bancos), acrescenta.

Na mesma linha, o analista da corretora Infinox David Silva destaca que esta subida generalizada das 'yields' das obrigações governamentais deve-se ao momento de maior incerteza desencadeado pela pandemia, uma vez que muitos países e empresas poderão ver os seus 'ratings' serem penalizados e passarem a estar abaixo do nível de 'lixo' e serem consideradas obrigações especulativas.

"Será difícil vermos as taxas de juro aliviarem de forma significativa nos próximos meses, e caso haja uma revisão em baixa do 'rating' da dívida portuguesa, certamente que o custo de financiamento será bastante superior às últimas emissões, principalmente as emissões feitas no último semestre do ano passado", indica.

Para Pedro Lima, da Difbroker, "este é o reflexo de um BCE [Banco Central Europeu] sem espaço de manobra e com pouca ambição".

Para o analista, "os programas anunciados são manifestamente insuficientes para manter as taxas nos níveis que estavam e o que se vê é o regresso à normalidade das taxas na zona euro, o que pode constituir um perigo, principalmente numa altura em que as condições económicas são frágeis e que os governos irão necessitar de emitir dívida recorde".

O diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipa Silva, também referiu que a subida nas taxas de juro que Portugal está a pagar para emitir dívida é "o reflexo do aumento de dívida e défice", num movimento que deverá ser atenuado pelas compras de dívida do BCE.

André Pires, analista da XTB, recorda que o leilão de dívida realizado pelo IGCP de obrigações com vencimento em 2030 contou com uma taxa de 1,194%, isto é, quase três vezes maior do que a taxa de 0,426% oferecida em 11 de março em leilão similar.

"Apesar das compras de dívida do BCE, uma subida das taxas é inevitável, dado o nível de liquidez que cada país poderá precisar para dar apoio à sua economia", sinaliza.

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